Uma semana depois de dois cidadãos norte-americanos terem morrido esfaqueados quando tentavam travar um homem que gritava insultos anti-muçulmanos a duas adolescentes (uma delas usando um véu islâmico) num comboio em Portland, milhares de manifestantes pró-Donald Trump saíram este domingo à rua para se manifestarem pela “liberdade de expressão”. Dizem-se “patriotas” mas rejeitam a violência.

Ao mesmo tempo, organizações pró-direitos dos imigrantes e pró-liberdade religiosa saíram também à rua para apelar contra o ódio e o racismo. Os dois grupos entraram em confrontos, entre eles e com a polícia, tendo a operação resultado em pelo menos 14 detenções e na apreensão de dezenas de armas brancas.

A polícia de Portland, segundo relata a imprensa norte-americana, recorreu a granadas e gás pimenta para dispersar a multidão, depois de ter constatado que os manifestantes atiravam tijolos e objetos diversos contra as autoridades. Entre as armas encontradas havia facas, tijolos, varas, entre outros objetos de natureza cortante.

A manifestação deste domingo foi organizada pelo grupo Patriot Prayer, que organiza manifestações pró-Trump pela liberdade de expressão em Portland, naquela que é conhecida como “uma das zonas mais liberais da Costa Oeste”. Segundo um dos organizadores Joey Gibson, em declarações à Associated Press, um dos seus objetivos é mostrar que “não faz mal ser um conservador em Portland”.

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Aquele grupo de manifestantes fez um momento de silêncio pelos dois homens que foram esfaqueados no comboio e apelaram à multidão para se abster da violência. Ainda na semana passada, o presidente da câmara de Portland, Ted Wheeler, tentou impedir a realização daquela manifestação, alegando que poderia inflamar e reacender as tensões na sequência dos esfaqueamentos do passado dia 26 de maio.

A verdade é que o suspeito daqueles esfaqueamentos, Jeremy Joseph Christian, tinha participado numa manifestação similar no passado mês de abril, usando uma bandeira norte-americana à volta do corpo.

Num vídeo postado no Facebook, Joey Gibson (um dos organizadores da manifestação) condenou as ações de Jeremy Christian e admitiu que algumas daquelas manifestações podem atrair “nazis”, descrevendo Christian como “louco”.

Jeremy Joseph Christian está a ser acusado de homicídio agravado.