A Quercus propôs esta segunda-feira um aumento de 5% para 25% da meta de utilização de materiais reciclados na construção e a criação de base de dados de materiais mais amigos do ambiente.

No Dia Mundial do Ambiente, a associação ambientalista lembra que os edifícios são “grandes contribuidores para o fenómeno das alterações climáticas”, uma vez que são responsáveis por grandes consumos de energia e consequentes emissões de dióxido de carbono (CO2).

A criação da base de dados de materiais mais ecológicos, que devem ser consultados e incluídos nos projetos de licenciamento, e a prioridade às construções flexíveis e modulares, que possibilitam a readequação para novos usos, são outras das propostas da Quercus.

As sete medidas propostas, caso sejam aceites e concretizadas, poderão – segundo a Quercus – “contribuir para a diminuição do impacte ambiental deste setor e, consequentemente, para os objetivos traçados pela ONU para 2030”.

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A Quercus defende igualmente que devem ser os próprios municípios “a criar condições para repositórios de materiais de construção, provenientes de obras de demolição, com elevado potencial de reutilização” e que se devem criar regras para que, no licenciamento de um projeto, esteja prevista uma potencial poupança de água no futuro edifício.

Embora este não seja dos setores com mais consumo de água, é no setor doméstico que se encontra o maior potencial de poupança, através de mecanismos que potenciem a sua reutilização”, recordam os ambientalistas, que consideram “preocupante que Portugal se mantenha ausente de políticas locais e simples, aceitando o risco ambiental na tomada de decisões.”

Criar e aplicar multas pesadas sempre que se verifique a colocação em aterro de produtos com potencial de reutilização e/ou reciclagem, a exemplo do que acontece noutros países europeus, é outra das propostas.

Os ambientalistas consideram que a aplicação destas medidas resultaria numa diminuição de consumo de novos recursos, numa poupança e reutilização de água, na redução dos consumos energéticos e consequentemente das emissões de gases com efeito de estufa e na diminuição do uso de materiais com alto impacte ambiental.

Em Portugal, segundo a Quercus, o setor dos edifícios é o terceiro maior consumidor de energia, um pouco atrás dos setores dos transportes e da indústria.

A ausência de políticas locais, de acordo com os ambientalistas, é “agravada pelo facto de [Portugal] dispor de um clima favorável à utilização de sistemas passivos e de energias renováveis que, se geridos convenientemente, trariam grandes benefícios à economia do País”.

De acordo com a Quercus, estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes do setor da construção. Este setor é responsável pela extração de mais de 30% dos recursos naturais. Os edifícios são responsáveis por cerca de 40% da energia final consumida na União Europeia, sendo que o valor em Portugal ronda os 30%.