O Egito fechou oficialmente o seu espaço aéreo a aviões provenientes do Qatar às 4h00 desta terça-feira. Este é o mais recente desenvolvimento na crise diplomática que já envolve seis países. A Arábia Saudita e o Bahrein devem seguir esse exemplo ainda durante esta terça-feira.
Estes três países juntam-se à Líbia, Iémen e Emirados Árabes Unidos (EAU) que cortaram relações diplomáticas com o país esta segunda-feira acusando o Qatar de apoiar terroristas na região. Em causa está o apoio do governo a grupos islâmicos e as relações entre o Qatar e o Irão – o maior rival da Arábia Saudita no Golfo.
O que está em causa na crise diplomática com o Qatar? Cinco perguntas e respostas
As perturbações ao nível dos transportes já se fazem sentir no aeroporto de Doha, um dos maiores do mundo e uma importante plataforma de transporte aéreo para a região. As principais companhias aéreas (Qatar Airways, Etihad Airways e Emirates) são as mais afetadas. A Qatar Airways é a quinta maior companhia aérea do mundo tendo em conta o número de países servidos: 73.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Sheikh Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, garantiu à Al Jazeera que o país “ainda vai ter acesso ao mundo através das rotas marítimas internacionais e do espaço aéreo internacional”. Pelo menos 15 aviões da Qatar Airways passaram por espaço aéreo da Somália esta segunda-feira, avança a AFP, muitos mais do que num dia normal.
A Emirates Airways e a Etihad Airways anunciaram que a partir desta terça-feira todos os voos de e para Doha estão suspensos.
From 6 June, Emirates is suspending flights to and from Doha. Affected customers should visit https://t.co/p9w3QNe00D for more information.
— Emirates Airline (@emirates) June 5, 2017
From 6 Jun, we will suspend all flights to and from Doha until further notice. For more info visit: https://t.co/4WHx54xHR0
— Etihad Airways (@EtihadAirways) June 5, 2017
A Qatar Airways anunciou esta manhã a suspensão de todos os voos de e para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito.
De e para Lisboa não há, à partida, constrangimentos na circulação. “Não temos ligações com a Qatar Airways e, por isso, não há constrangimentos. “Os voos da Emirates estão todos a chegar a horas” confirmou uma fonte do aeroporto de Lisboa ao Observador. Provavelmente, será “ao nível de Paris ou Frankfurt [plataformas de escala]” que se registam atrasos ou cancelamentos.
Todos os habitantes qatarianos a residir no Bahrein, Arábia Saudita e EAU foram notificados e advertidos de que têm duas semanas para abandonar os países onde se encontram. Já os diplomatas do Qatar no Egito e nos EAU têm 48 horas para regressar ao país de origem.
Num país quase inteiramente dependente de bens e alimentos importados, um corte diplomático desta dimensão pode-se revelar um problema. A AFP dá conta de filas longas nos supermercados.
Supermarkets on Salwa Road, #Doha still have enough food. Don't panic people. #qatarcrisis pic.twitter.com/QF0eNFTvLL
— Boutaïna Azzabi Ezzaouia (@Boutaina) June 5, 2017
Uma grande quantidade de bens passa pelas fronteiras da Arábia Saudita – agora fechada – e essa rota é também importante para a entrada de materiais de construção (o país prepara-se para o Mundial de futebol de 2022). As exportações do Qatar resumem-se a petróleo e gás e são feitas maioritariamente por mar, por isso não devem ser imediatamente afetadas. O Qatar nega apoiar grupos jihadistas e pede um “diálogo de abertura e honestidade”.