O conceito é de 1824, mas foi em 1918 que as calorias começaram a ser vistas como aspeto a dominar no que toca a perder peso. Foi pelas mãos de Lulu Hunt Peters que o século XX começou a dominar melhor a temática “calorias”, através do lançamento do seu livro que ensinava a contar calorias e a perder peso.

Lulu começou a falar de calorias como uma ferramenta a trabalhar para emagrecer, através do controlo da sua ingestão. Assim, a médica começa por lançar uma campanha de consciencialização que procurava educar mulheres sobre uma dieta saudável, exercício e perda de peso.

O facto de a própria ter vivido com excesso de peso durante a sua juventude impulsionou-a a preocupar-se com esta temática. Foi graças a uma dieta saudável e ao controlo da ingestão calórica que Lulu conseguiu perder 32 quilos. Pouco tempo depois, a médica lançou uma coluna de opinião denominada “Dieta e Saúde”, onde desaconselhava fórmulas milagrosas e horas de exercício físico extenuantes e promovia uma dieta sem excessos.

No entanto, a promoção do conceito foi massificado depois da publicação do seu livro Diet & Health: With Key to the Calories. Escrito em plena Primeira Guerra Mundial, o livro explicava o conceito “calorias” como unidade científica, que mede a energia presente nos alimentos. Tudo isto foi recebido como novidade, de tal forma que o livro incluía instruções para pronunciar corretamente a palavra.

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Lulu destacava a importância de encontrar um equilíbrio entre a ingestão da comida e energia gasta pelo indivíduo. A autora sugeriu ainda uma série de exercícios físicos, acompanhados com imagens desenhadas pela sua sobrinha de 9 anos. Uma das inovações de que foi pioneira prende-se com a forma como ensinava a calcular o peso ideal. A fórmula era semelhante à que hoje em dia se usa para calcular o índice de massa corporal (IMC).

Além disso, o livro ensinava a calcular o número de calorias que deviam ser ingeridas, com base na idade, no sexo e no exercício físico que praticado. A autora não prestava, ainda assim, muita atenção ao tipo de alimentos que se podia comer. Desde que fosse mantida uma dieta rigorosa de 1.200 calorias podia-se comer o que se quisesse. No entanto, a médica desaconselhava a ingestão de doces por estes serem um malefício.

A autora incluiu ainda textos com testemunhos de dietistas com nomes fictícios, mas também contou a sua experiência, relatando os seus problemas de peso e a necessidade de auto controlo de que precisou para emagrecer. O livro teve o dom de transformar este tema num assunto divertido e de sabedoria popular.

A publicação foi um sucesso para a época. A autora recomendava mesmo que as mulheres que contavam calorias poderiam dar comida não consumida a quem dela precisasse, contrariando a escassez de alimentos em período de guerra. O livro foi um best seller na categoria de não ficção de 1922 a 1926 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares.