A secção do Ministério Público de Tomar tem em curso investigações sobre supostas irregularidades, envolvendo funcionários do Convento de Cristo e estragos durante uma filmagem no monumento, confirmou esta terça-feira à Lusa a Procuradoria-Geral da República.

Questionada sobre se estava em curso alguma investigação, na sequência da reportagem emitida pela RTP na sexta-feira, o gabinete da PGR confirmou à agência Lusa “a existência de investigações relacionadas com a matéria”, que “correm termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santarém (secção de Tomar)”.

Em concreto, a Lusa questionou sobre a alegada prática de crimes por parte de funcionários do Convento de Cristo, em Tomar, de desvio de dinheiros da bilheteira, e da diretora, por alegada utilização irregular de funcionários do monumento em obras particulares; perguntou igualmente se deu entrada alguma queixa ou denúncia sobre alegada destruição de património do monumento durante a rodagem de um filme de Terry Gilliam.

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, revelou equeta terça-feira pediu uma auditoria para averiguar os alegados problemas de bilheteira no Convento de Cristo, em Tomar. Falando em audiência parlamentar, o ministro disse que foi aberta uma auditoria no seguimento da reportagem da RTP, sobre uma eventual fraude na bilheteira do monumento nacional dirigido por Andreia Galvão.

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O caso, disse o ministro, “é respondido com uma auditoria, da mesma maneira que aconteceu com os Jerónimos, face a denúncias que nos chegavam, que foi feita uma auditoria e concluiu que havia matéria para o Ministério Público investigar”.

Luís Filipe Castro Mendes garantiu que “não há indiferença do Ministério da Cultura em relação à fiscalização” e sublinhou que a tutela respeitará “o segredo de justiça e a presunção de inocência”. “Não somos nós que vamos pôr nos jornais uma investigação. Não é a nossa ética pôr nos jornais os processos que estão em curso”, disse.

A existência de danos no Convento de Cristo, alegadamente causados pela rodagem de um filme de Terry Gilliam, foi também um dos assuntos mais abordados pelos deputados na audiência desta terça-feira, na comissão parlamentar de Cultura.

Castro Mendes explicou que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um inquérito na segunda-feira e que terá 20 dias para apresentar conclusões sobre o que aconteceu ao convento. Na mesma reportagem que denunciou problemas de bilheteira, a RTP mostrou imagens de danos alegadamente causados pelas filmagens daquela produção internacional em pedras, telhas e decorrentes de uma fogueira ateada num dos claustros.

O ministro desvalorizou as críticas apontadas pelos deputados à atuação do Convento de Cristo e disse que não fará “juízos de valor e condenações na praça pública antes de ter o apuramento rigoroso dos factos”.

De acordo com o governante, houve controlo de bombeiros e funcionários sobre a utilização de quatro dezenas de botijas de gás para simular uma fogueira e que os prejuízos “foram vistos pela companhia de seguros e o seguro era na ordem dos 2,5 milhões de euros”. Os estragos verificados no mosteiro foram avaliados em 2.900 euros por pedras danificadas num claustro que não foi utilizado nas filmagens e por telhas partidas. “Se estou à espera de um inquérito é porque não sei tudo e não estou satisfeito”, disse o ministro perante a insistência dos deputados de todas as bancadas parlamentares.