Carlos Resende é considerado, de forma quase unânime, como um dos melhores jogadores de andebol português de todos os tempos. Sim, é verdade que houve aquele “Sete Maravilha” do Sporting que conquistou sete Campeonatos nas décadas de 60 e 70, cinco de forma consecutiva. E sim, houve aquela fantástica equipa do FC Porto que superou esse registo com o hexacampeonato entre 2010 e 2015. Mas o lateral foi o expoente máximo da Geração de Ouro nacional da modalidade nos anos 90, ao lado de outros nomes inesquecíveis de primeira linha como Filipe Cruz, Eduardo Filipe ou Victor Tchikoulaev (além de Ricardo Andorinho, Paulo Morgado, Paulo Faria, Rui Rocha, Galambas ou Álvaro Martins, entre outros).

Resende nasceu em Marvila, começou a jogar no Ateneu de Madre Deus e passou para o Sporting com apenas 12 anos. No entanto, em 1988, o FC Porto consegue o impossível e garante a contratação do jogador que iria ainda fazer o seu primeiro ano de júnior, após ter sido campeão nos juvenis. Não demorou a subir aos seniores dos dragões e, em 1993/94, ganha a Taça de Portugal. Fruto da instabilidade nos azuis e brancos, ruma ao ABC, onde esteve seis anos com o maior sucesso desportivo. Mas faltava qualquer coisa. Que deixou de faltar: ser campeão pelos dragões. E foi, tendo acabado a carreira em 2006 de azul e branco. Ao todo, foram sete Campeonatos, cinco Taças de Portugal, três Taças da Liga e três Supertaças. E esteve no histórico sétimo lugar da Seleção Nacional no Campeonato da Europa de 2000.

A carreira de treinador começou no Dragão mal pendurou as sapatilhas: entre 2006 e 2009, ganhou um Campeonato, uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga até parar dois anos. Em 2011, aceitou o desafio do ABC e por lá esteve cinco épocas. Mesmo com orçamentos bem inferiores aos rivais, conquistou um Campeonato, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e uma Taça Challenge. Ou seja, venceu tudo. E saiu agora, para o Benfica.

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Os dois rivais de Lisboa andaram quase 20 anos a tentar contratar o jogador Resende. E o jogador Resende foi dizendo sempre que não, porque tinha a vida familiar e estudantil estabelecida no Norte. Os dois rivais de Lisboa foram também tentando, de quando em vez, durante os últimos anos, tentar contratar o treinador Resende. E o treinador Resende foi dizendo sempre que não, porque tinha a vida familiar e estudantil (agora como professor e não como aluno) estabelecida no Norte. Esta temporada, disse que sim. E os encarnados ganharam a corrida.

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Falou-se do Sporting, que realmente sondou o treinador. Falou-se do FC Porto, que sempre desmentiu o eventual interesse. Carlos Resende assinou mesmo pelo Benfica, por três temporadas. O técnico é assim. Só aceita projetos estáveis, neste caso um projeto feito à sua medida por ter os dois objetivos com os quais se identifica: lutar por títulos e potenciar os jovens da formação. “O projeto que me apresentaram foi de luta pelo título, mas também de jovens de valor. Para todas as posições teremos atletas da formação. Para mim é aliciante. Quero devolver o Benfica ao espaço que merece e gostaria de voltar à Champions”, disse à BTV.

O Benfica não é campeão desde 2008. Ganhou duas Taças de Portugal nos últimos 30 anos. Agora, tentará recuperar um patamar de destaque no andebol nacional. Com Resende deverão chegar mais três jogadores do ABC: o central Pedro Seabra, o ponta Carlos Martins e o pivôt Ricardo Pesqueira. E, a juntar aos jovens da formação dos encarnados que têm deixado excelente impressão, como o lateral Cavalcanti ou o pivôt Paulo Moreno, chegarão ainda mais reforços. A meta é o Campeonato Nacional, conquistado este ano pelo Sporting após 16 anos de jejum. No andebol e nas restantes modalidades.

Aumentar o investimento para ganhar em todas as frentes

A época ainda está a decorrer, mas os encarnados continuam em todas as frentes: depois da conquista do título de voleibol frente ao Sp. Espinho (curiosamente, no mesmo dia em que o futebol foi tetracampeão), o basquetebol está a uma vitória de reconquistar o título (ganha a final por 2-0 ao FC Porto, podendo alcançar o sétimo Campeonato nos últimos nove anos); o hóquei em patins, mesmo com um calendário complicado (Oliveirense em casa, Sporting fora), depende de si para ser campeão; e o futsal está nas meias-finais do playoff da Liga SportZone, tendo perdido o primeiro encontro com o Sp. Braga nos penáltis.

Ainda assim, e segundo soube o Observador, a ideia passa por reforçar a qualidade de todos os plantéis para a próxima temporada, qualquer que seja o resultado final a nível de títulos. Além das modalidades extra-pavilhão, como o atletismo ou a natação, existe o objetivo de ganhar todos os Campeonatos e, nesse sentido, já foram assegurados reforços de nomeada, na maioria portugueses, para hóquei em patins e futsal, por exemplo. No voleibol, que já terminou, foram conhecidos os nomes da promessa nacional Filip Cveticanin, ex-Câstelo da Maia, além de dois estrangeiros: Miroslav Gradinarov e Milija Mrdak.

Se a luta nos relvados pelo título de futebol promete ser acesa (como se tem percebido nos últimos dias), também nas modalidades de pavilhão haverá grande competitividade entre os três grandes do desporto nacional.