O líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) afirmou, esta quarta-feira, que a guerrilha já começou a entregar as armas, tendo concluído a entrega de 30% do armamento à Missão das Nações Unidas. No total, “30% do nosso armamento foi entregue à Missão ONU Colômbia. [Nós], as FARC, estamos a cumprir com a nossa palavra”, declarou Rodrigo Londoño, conhecido como “Timochenko”.

O Governo colombiano e as FARC acordaram, na semana passada, estender até ao próximo dia 20 o prazo para a deposição das armas por parte da guerrilha — que terminava em 29 de maio — devido a atrasos diversos no processo de implementação do acordo de paz.

Trata-se do “verdadeiro início do nosso adeus às armas”, sublinhou o líder das FARC, num discurso em Caño Indio (nordeste), uma das 26 zonas onde se concentram perto de sete mil guerrilheiros que se preparam para entregar as armas e desmobilizar. O processo decorre de forma faseada. Segundo “Timochenko”, na próxima quarta-feira, dia 14, as FARC vão entregar à ONU mais 30% do seu armamento e os restantes 40% no dia 20.

Em abril, as Nações Unidas estimaram o arsenal das FARC em aproximadamente sete mil armas, pelo que, com base nessa estimativa, os guerrilheiros entregaram cerca de 2.100 armas, das quais 1.000 foram recebidas pela ONU há semanas.

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As primeiras mil armas pertenciam a guerrilheiros que realizam trabalhos relacionados com a aplicação do acordo de paz, firmado no final do ano passado, incluindo muitos que integram o Mecanismo de Monitorização e Verificação do cessar-fogo e de hostilidades. Esse mecanismo, tripartido, conta com membros das FARC, do Governo e observadores das Nações Unidas, mas apenas a Missão da ONU está presente na receção das armas.

O conflito armado colombiano que, durante mais de meio século, envolveu guerrilhas de extrema-esquerda, paramilitares de extrema-direita e forças armadas, além de grupos ligados ao narcotráfico, fez pelo menos 260 mil mortos, mais de 60 mil desaparecidos e 7,1 milhões de deslocados.

Em fevereiro, o governo do Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, encetou conversações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ativa no país, que conta com cerca de 1.500 membros, com o objetivo de alcançar “uma paz completa”.