O ex-diretor da polícia federal norte-americana (FBI) James Comey, demitido em maio último pelo Presidente Donald Trump, é ouvido esta quinta-feira no Congresso sobre a alegada ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas em 2016. A audição, muito aguardada, será pública e vai decorrer no Comité dos Serviços de Inteligência do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano) e está prevista para as 10h00 locais (15h00 em Lisboa).

Realizada numa grande sala do Congresso, a audição de Comey será excecionalmente transmitida pelas principais estações generalistas norte-americanas, ABC, CBS e NBC, e por vários canais de informação. A expectativa é tal que, segundo as agências internacionais, os bares de Washington vão abrir de manhã para aqueles que quiserem acompanhar o testemunho de Comey.

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Os 15 membros republicanos e democratas que compõem o Comité dos Serviços de Inteligência do Senado vão querer fazer um ponto da situação da investigação sobre a alegada ação de pirataria e de ingerência da Rússia durante a campanha das presidenciais de 2016, mas também sobre uma questão mais sensível: a eventual coordenação entre elementos próximos a Trump e Moscovo.

Durante a audição, é aguardado que James Comey seja questionado sobre esse presumível conluio entre os membros da equipa da campanha presidencial de Donald Trump e as autoridades russas. Comey foi demitido de forma repentina, a 9 de maio, numa altura em que estava a supervisionar uma investigação sobre os alegados contactos mantidos entre a campanha de Trump e a Rússia durante a corrida às presidenciais nos Estados Unidos.

O antigo diretor, que não prestou declarações públicas desde a sua demissão, será igualmente questionado pelos legisladores norte-americanos se Trump exerceu algum tipo de pressão sobre o FBI e a investigação sobre a Rússia. Vários ‘media’ norte-americanos revelaram que o Presidente teria pedido a Comey para terminar as investigações relacionadas com o seu ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, acusado de mentir sobre contactos com responsáveis russos e uma das figuras centrais do dossiê russo.

Segundo notas pessoais escritas pelo ex-diretor do FBI, o pedido teria sido feito durante uma reunião na Casa Branca, em fevereiro. Trump nega qualquer interferência, bem como rejeita a ideia de um conluio com Moscovo. Foi nomeado, entretanto, o ex-diretor do FBI Robert Mueller como procurador especial para supervisionar a investigação sobre a alegada interferência russa.

Questionado sobre a audição de James Comey, Trump respondeu: “Desejo-lhe boa sorte”. Na véspera da audição de Comey, Trump anunciou que pretende nomear Christopher Wray, um advogado de 50 anos, para a direção do FBI. Na terça-feira, e também no âmbito do dossiê russo, o comité ouviu responsáveis dos serviços de informação norte-americanos. Tanto Mike Rogers, diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), como Dan Coats, coordenador das várias agências de informações norte-americanas, afirmaram que nunca sofreram pressão política desde que assumiram funções.