Ele era a fotografia a sair para almoço, ele era a imagem do cumprimento com Pinto da Costa. Há quase uma semana que, oficiosamente, Sérgio Conceição é treinador do FC Porto. A partir desta quinta-feira, 8 de junho, é oficialmente treinador do FC Porto para as próximas duas temporadas, confirmado por um comunicado emitido pelos dragões esta tarde.

“Obrigado FC Porto, é um orgulho voltar a esta casa”, disse na primeira frase como treinador dos dragões. E, curiosamente, fez a declaração numa resposta no Twitter ao anúncio dos azuis e brancos.

Numa cerimónia transmitida em direto no Facebook e conduzida por Júlio Magalhães, Sérgio Conceição foi apresentado no espaço que dá acesso aos balneários (que faz parte do Tour ao Dragão) e onde estão as imagens das grandes conquistas dos dragões a nível nacional e internacional.

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“É uma missão muito fácil porque é a apresentação de uma figura e uma personalidade do FC Porto que todos conhecem. Foi um exemplo de amor e dedicação ao clube. Se não fosse assim, não estaria aqui. Sérgio, todos temos uma confiança absoluta no teu trabalho e sabemos que o teu coração é azul branco. Sê bem-vindo. Que sejas feliz como mereces. Sei que o teu sonho era este. Não tens cadeira de sonho porque estás de pé mas tens um estádio de sonho onde sempre quiseste entrar como treinador“, disse Pinto da Costa.

Se calhar era mais difícil fazer o que o Sérgio fez no Nantes, que estava abaixo da linha de água e acabou lá em cima, do que o Zidane fez no Real Madrid. Não tinha dúvidas, ainda antes de ir para França achava que seria treinador do FC Porto a breve prazo. O tempo que demorou a dizer sim? Foi o tempo que se diz sim… Marco Silva? Compreendo que às vezes seja necessário inventar. Houve comentadores que nem são afetos ao clube que estavam muito preocupados por não termos treinador. Quando o Nuno, por sugestão de Jorge Mendes, se propôs a rescindir para abraçar um projeto em Inglaterra, tinha três ou quatro nomes de treinadores onde não constava o Sérgio porque pensava que, ao assinar até 2020, pensava que era impossível. Fiz vários contactos e, a 27 de maio, no dia em que se comemorou os 30 anos da vitória de Viena, almocei com Luciano d’Onofrio no restaurante Lusíadas. Quando lhe transmiti que o que gostaria para treinador do FC Porto, disse-me que tinha jantado com ele no Rei dos Leitões. Ele gostava imenso de vir para o FC Porto e até tem problemas pessoais. Reunimos, convidei, partiu para Paris para encetar o processo de desvinculação com o Nantes e terminaram os contactos”, acrescentou o líder dos dragões.

“Jogadores que pediu? Há dois que não podem vir, que é o Messi e o Ronaldo. Escolhi o Sérgio porque, com os jogadores que tivermos, vamos fazer uma equipa competitiva”, concluiu Pinto da Costa.

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“Quero agradecer a confiança em mim, na minha equipa técnica, agradecer a Deus e desculpem a minha emoção por falar dos meus pais, que estarão felizes onde estão e a olhar com muito orgulho pelo trajeto. Depois de três meses difíceis a tentar que fosse jogar para o FC Porto, deixou-me aqui e assinei contrato. Acabei por perdê-lo no dia a seguir. As pessoas podem achar que o FC Porto foi buscar um ex-jogador de raça, determinado, mas sei que tenho qualidade no meu trabalho. Vamos ser exigentes, rigorosos e disciplinados no dia a dia para no fim dar a toda a massa adepta a alegria dos títulos. Foi por amor ao clube que vim e estou convencido que em maio vou conseguir estar feliz e deixar os portistas felizes. Os meus pais vão ficar ainda mais felizes por ganhar títulos. E para os que não acreditam, vou provar que estamos aqui para trabalhar da melhor forma e com resultados”, referiu Sérgio Conceição.

Não venho para aqui aprender, venho ensinar. Estamos preparadíssimos para este desafio”, salientou. “Gosto da pressão, faz-me crescer, deixa-me desconfiado e obriga-me ir à procura de soluções. Tenho o know how de saber o que é o mundo do futebol. Os jogadores estão extremamente pressionados por mim, no trabalho. Sei que não é fácil aos jogadores trabalharem comigo, mas no final da época consegui potenciar, cresceram. Isso é o mais importante. Temos de começar a falar do FC Porto de hoje. Vai começar uma nova era com um treinador que não é melhor nem pior, é diferente. O passado não interessa e deixou-me triste, como portista, porque não ganhámos“, acrescentou.

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“Partindo do princípio que a formação é importante para os clubes. Antigamente era mais difícil ter uma oportunidade nos seniores. A formação está ligada ao conhecimento dos valores do FC Porto e já fiz o trabalho de casa dos jogadores promissores que, num futuro próximo, podem ser opção. Taça de Portugal? Perguntar isso é o mínimo, mas a vontade é conquistar o Campeonato, que é o principal título. Ganhar faz parte da ambição do clube”, concluiu o sucessor de Nuno Espírito Santo no banco dos azuis e brancos.

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Enquanto a desvinculação com o Nantes era resolvida (e ainda agora os franceses estão magoados com a situação, como se percebeu na mensagem subliminar nas redes sociais a aconselhar cuidado à Juventus depois do anúncio da renovação de Allegri até 2020, duração do vínculo que os gauleses tinham com Sérgio Conceição), o treinador colocou mãos à obra e começou a desbravar terreno nesta nova aventura no Dragão.

Desde que firmou o pré-acordo com o conjunto azul e branco, Sérgio Conceição tem estado a trabalhar diretamente com Pinto da Costa e Luís Gonçalves, diretor do futebol, para arrumar algumas pastas fulcrais nesta fase do ano: a pré-temporada, os encontros particulares até ao início da Primeira Liga, as dispensas e as eventuais contratações foram matérias abordadas nos últimos dias pelos responsáveis dos dragões.

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Para já, uma das prioridades a nível de plantel parece ser a manutenção da estrutura base do setor recuado, que foi até à última jornada a melhor defesa da Primeira Liga: Felipe, Marcano e Danilo. Ainda assim, e fruto da necessidade de venda de ativos admitida ainda ontem por Fernando Gomes, administrador da SAD azul e branca, é possível que outros elementos como André Silva, Brahimi ou Herrera possam ser vendidos no Verão. Por esclarecer está ainda a continuidade ou não de Iker Casillas, guarda-redes espanhol que veio do Real Madrid há duas temporadas.

Em paralelo, o treinador, que antes passou por Olhanense, Académica, Sp. Braga e V. Guimarães como treinador principal, após um início como adjunto no Standard Liège, teve oportunidade de conhecer mais a fundo a atual realidade do FC Porto, bem diferente do que era quando saiu do clube como jogador pela última vez, em 2004.