Jerónimo de Sousa acredita “que o Governo corre o risco de frustrar as expetativas legítimas” dos portugueses e que isso “é o pior que se pode fazer em política”. Em entrevista à Antena 1, o líder do PCP admitiu, referindo-se à legislação laboral e às reformas das longas carreiras, que, apesar de parecer “haver compreensão” da parte do Governo, falta “a sua efetivação”.

“Não calendariza, embora demonstre abertura para essa consideração”, afirmou Jerónimo de Sousa, mostrando-se, apesar de tudo, confiante de que António Costa acabará por ceder, “não só pela nossa persistência, não só pela compreensão do Governo, mas porque para os trabalhadores portugueses isto é uma questão fundamental”.

Questionado sobre o Orçamento do Estado para 2018, Jerónimo de Sousa garantiu “que não está no papo” e que é “exagerado dizer que está a andar sobre rodas”. “É prematuro e manifestamente exagerado dizer que isto está a andar sobre rodas. Vamos ver”, disse à Antena 1, esclarecendo que o que determina o posicionamento do PCP é “o exame comum das propostas”.

Sobre a possibilidade de o PS vir ter a maioria absoluta nas próximas eleições, cenário em que não acredita muito, Jerónimo de Sousa garantiu que o PCP não irá integrar o Governo socialista.

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Ninguém pense que o PCP poderia funcionar como peninha no chapéu”, disse, afirmando que “este caminho conjunto resultou de uma conjuntura muito concreta” que acha que “não é repetível”.

“Isso a acontecer, não seria positivo, mas de qualquer forma não alteraríamos esta nossa posição. Perante um governo, supondo que maioritário do PS, estaríamos contra aquilo que entendêssemos negativo para os trabalhadores e para o povo e estaríamos a favor daquilo que seria positivo para os trabalhadores e para o país”, acrescentou o líder do PCP.

Um dos temas abordados durante a entrevista à Antena 1, que será transmitida na íntegra esta quinta-feira, pelas 10h, foi o das eleições autárquicas, marcadas para 1 de outubro. Admitindo que o PS e o PCP são “adversários recíprocos”, Jerónimo de Sousa afirmou que os socialistas são os adversários principais, “objetivamente, tal como para o PS considera o contrário. “É natural que isso aconteça”, disse.