A escritora e presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras (ACL), Vera Duarte, disse esta sexta-feira que “já era mais do que tempo” de atribuir o Prémio Camões a Manuel Alegre, que destacou pela sua “grande dimensão poética e literária”.

“Recebi a notícia com muita alegria e muito contentamento. Já era mais do que tempo de Manuel Alegre ser galardoado com o Prémio Camões”, disse Vera Duarte à agência Lusa.

Além de destacar a “grande dimensão poética e literária” de Manuel Alegre, a escritora cabo-verdiana disse estar “duplamente satisfeita”, porque é uma “admiradora” da poesia do poeta português.

“Portanto, tenho uma ligação de alguma cumplicidade com a sua obra”, prosseguiu, indicando que, nos seus livros, faz muitas citações do Manuel Alegre, a quem segue a produção poética “desde muito cedo”.

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“Manuel Alegre faz ‘oficina’, mas também envia uma grande mensagem à sociedade”, continuou Vera Duarte, dizendo que as obras do português são de referência, em termos literários e, ao mesmo tempo, de resistência, de alguém que fez a luta colonial e antifascista.

Por isso, recordou que o poeta português teve contacto com o povo cabo-verdiano, na luta de libertação.

“É um grande amigo de Cabo Verde e dos cabo-verdianos”, salientou, afirmando que Manuel Alegre tem um “obra de grande envergadura”.

Vera Duarte foi eleita recentemente membro da Academia de Ciências de Lisboa, pelo que considera que agora pode tratar o Manuel Alegre como um “confrade”.

Manuel Alegre foi declarado vencedor do Prémio Camões 2017, na quinta-feira, após uma reunião do júri na Biblioteca Nacional brasileira, no Rio de Janeiro, nesta que foi a 29.ª edição do prémio.

O Prémio Camões, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, em 1988, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.