Depois de no passado domingo um conjunto de países árabes ter anunciado o corte de relações diplomáticas com o Qatar, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, veio a público pedir que as respetivas nações “suavizem” o bloqueio. Alegando “razões humanitárias”, Tillerson alertou para uma escalada de tensão, numa mensagem que contraria a reação inicial de Donald Trump, que à data se mostrou a favor da medida.

Peço à Arábia Saudita, aos Emirados Árabes Unidos, ao Bahrein e ao Egito que suavizem o bloqueio contra o Qatar. Este bloqueio tem consequências humanitárias. Estamos a assistir a uma escassez de comida. Famílias a ser separadas à força e crianças a serem retiradas das escolas. Acreditamos que estas são consequências não intencionais”, disse Tillerson esta sexta-feira num discurso de apenas quatro minutos.

As declarações do secretário de Estado norte-americano surgem horas depois de a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos terem listado 59 pessoas enquanto terroristas e 12 organizações associadas ao Qatar, incluindo empresários proeminentes, políticos e realeza daquele país.

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A mensagem de Tillerson vai contra as palavras de Trump, que um dia depois de ser notícia o corte de relações escreveu no Twitter que a visita que fez à Arábia Saudita — no final do mês de maio — já estava a “dar frutos”. “Eles disseram que iam ter uma resposta dura face ao financiamento do extremismo e todas as referências apontavam para o Qatar. Talvez este seja o início do fim do horror do terrorismo”, escreveu.

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Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emirados Árabes Unidos anunciaram no passado domingo o corte de relações diplomáticas com o Qatar, incluindo a suspensão de ligações aéreas e marítimas. A decisão veio na sequência de acusações de apoio ao terrorismo por parte do Qatar. Num comunicado divulgado na televisão pública da Arábia Saudita, a SPA, o regime de Riade acusou o Qatar de “acolher vários grupos terroristas e sectários que têm o objetivo de desestabilizar a região”.

O Qatar, por sua vez, reagiu na manhã da segunda-feira seguinte, afirmando que as medidas anunciadas não tinham justificação e que correspondiam a alegações sem fundamento. “O objetivo é claro, que é impor uma tutela ao Estado [do Qatar]. Isto é, em si, uma violação da sua soberania como Estado”, lê-se no comunicado.