O ministro britânico responsável por coordenar as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, confirmou o seu apoio à primeira-ministra Theresa May numa altura em que a sua liderança está a ser posta em causa dentro do Partido Conservador.

“O que nós vamos ver nas próximas semanas e meses será Theresa May no seu melhor”, disse, numa entrevista à Sky News na manhã desta segunda-feira. “Eu desempenho funções com ela há 10 meses. Tenho visto vários primeiros-ministros em ação. Ela é uma primeira-ministra incrivelmente eficiente.”

Recentemente, têm surgido críticas dentro do Partido Conservador, onde alguns põem em causa a legitimidade de Theresa May para continuar à frente do partido e do Governo. Theresa May, que se sucedeu a David Cameron depois de este se ter demitido após o referendo do Brexit, não conseguiu renovar a maioria absoluta herdada do seu antecessor e agora deverá depender dos unionistas irlandeses para governar.

George Osborne, ex-ministro das Finanças conservador despedido por Theresa May, disse que ela pode cair esta semana

Entre as vozes críticas a Theresa May, esteve a de George Osborne, ex-ministro das Finanças que Theresa May demitiu depois de ter tomado posse como primeira-ministra. Este domingo, o antigo número dois de David Cameron comparou a líder dos conservadores a um condenado à morte, dizendo que ela é “uma mulher morta a andar” que tem os dias no poder contados. “Agora é apenas uma questão de perceber quanto tempo é que ela vai ficar no corredor da morte. Eu acho que vamos descobri-lo muito brevemente. Poderíamos, facilmente, chegar a meio da próxima semana e tudo cair à volta dela.”

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Theresa May tem uma reunião marcada com os deputados do Partido Conservador esta tarde, onde deverá tentar garantir o seu apoio para poder formar Governo. O discurso da Rainha, onde a monarca lê a proposta de Governo do partido com mais votos e a entrega à Câmara dos Comuns para votação, esteve inicialmente agendado para 19 de junho. Porém, esta segunda-feira, a BBC noticiou que o Governo decidiu adiar por “alguns dias” o discurso da Rainha.

Conversações do Brexit podem ser adiadas, mas não passam de junho

“As coisas que estão nos jornais este fim de semana são o cúmulo da auto-indulgência”, disse, na mesma entrevista à Sky News, na manhã desta segunda-feira. “Nós recebemos ordens do povo britânico, que tomou uma decisão. Agora cabe-nos voltar ao trabalho e não discutir uns com os outros sobre quem tem culpa, ou o que for, mas continuar a trabalhar. E a tarefa é incrivelmente importante.”

David Davis referia-se, como seria de esperar, ao Brexit. Naquela entrevista, que aconteceu horas antes de ser anunciado que o Governo decidira adiar o discurso da Rainha, o ministro do Brexit indicou que as negociações para a saída do Reino Unido da UE deveriam sofrer um pequeno atraso, depois de estarem agendadas para a segunda-feira da próxima semana, 19 de junho. “Talvez não seja na segunda-feira porque também temos o discurso da Rainha nessa semana e eu vou ter de pronunciar-me quanto a isso”, disse, ainda de essa data ser adiada.

Com isto, é provável que as negociações para o Brexit comecem ainda mais tarde do que era inicialmente esperado.

No sábado, a versão europeia do Politico referia que Theresa May e Angela Merkel falaram ao telefone. Nessa conversa, a primeira-ministra britânica terá dito que as conversações começariam a 19 de junho. Porém, num comunicado sobre esse telefonema, Downing Street não se comprometeu com uma data específica. “A primeira-ministra confirmou a sua intenção de as conversações para o Brexit começarem, como planeado, nas próximas duas semanas, e que nós estaríamos à procura de conseguir numa primeira fase acordos recíprocos sobre os direitos dos cidadãos da UE e britânicos que vivem no estrangeiro.”