José Saramago vai ser homenageado com concertos de Carlos Marques e de Jorge Palma, quando se assinalam sete anos da morte do escritor, altura em que também é assinalado o aniversário da Fundação com o seu nome e da revista Blimunda.

Junho é um mês especial, intenso e emotivo“, são “dias de celebração, encontros, balanço, e também de reflexão e saudade“. Assim começa o editorial do próximo número da revista digital Blimunda, que será publicado no ‘site’ da Fundação José Saramago (FJS) a 18 de junho, dia em que passam sete anos sobre a morte do escritor.

A falta que nos faz é muito grande, mas a bússola que temos é uma ferramenta poderosíssima: a sua obra e as suas ideias“, com as quais se abrem diariamente as portas da fundação aos visitantes e aos leitores de José Saramago, refere o editorial.

A mesma data assinala também os cinco anos da primeira publicação da revista digital Blimunda, que, desde então, é disponibilizada mensalmente a leitores de todo o mundo. O nome da publicação é retirado da personagem central de “Memorial do Convento”, uma jovem que vê o interior das pessoas, e uma forma de homenagear quem criou a personagem.

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“A morte chegou a José Saramago no dia 18 de junho, por isso, e como símbolo, a revista Blimunda é publicada todos os meses por volta do dia 18, contradizendo, deste modo, mês a mês, o anunciado esquecimento”, escreve Pilar del Río, mulher do escritor e presidente da FJS, num texto a ser publicado na próxima número da revista.

Nesse dia, a fundação recebe o concerto “Lado B Levantei-me do Chão”, projeto de Carlos Marques/ALGURES, coletivo de criação, concebido a partir do romance de José Saramago “Levantado do Chão”, segundo informação da FJS.

“Lado B Levantei-me do Chão” é uma versão reduzida e simplificada do espetáculo “Levantei-me do Chão”, estreado em outubro de 2015 e que consiste num concerto teatral baseado na colagem de textos do romance de Saramago e inspirado pela música de Gilberto Gil, José Afonso, José Mário Branco, Fausto e Sérgio Godinho, entre outros.

Ainda no domingo, ao final da tarde, será feita uma homenagem a José Saramago na Feira do Livro de Lisboa, que encerra nesse dia, com uma atuação do músico português Manuel Freire. Para assinalar os dez anos da sua constituição oficial, no dia 29 de junho a Fundação José Saramago abre portas para um concerto de Jorge Palma.

Nasceu porque uns quantos homens e mulheres de diferentes países decidiram um dia que não podiam deixar sobre os ombros de um só homem, o escritor José Saramago, a bagagem que ele havia acumulado ao longo de tantos anos, os pensamentos pensados e vividos, as palavras que cada dia se empenham em sair das páginas dos livros para se instalarem em universos pessoais e serem bússolas para tantos”, explica a ata da constituição da FJS.

Foi cinco anos depois da sua constituição, e também no mês de junho, mais concretamente no dia 13, que a Casa dos Bicos abriu as portas como sede da instituição.

Nessa altura, já o escritor tinha morrido, mas foi ainda em vida que tomou conhecimento de que a fundação que leva o seu nome ficaria localizada num emblemático edifício no centro de Lisboa.

José Saramago manifestou, então, “o desejo de que, mais do que ficar centrada na sua obra e na sua vida”, a fundação fosse “um centro cultural aberto para o mundo”, para fomentar a cultura e a literatura em língua portuguesa, promover encontros, defender os direitos humanos e o ambiente, segundo se lê no editorial.

Nesta edição comemorativa da revista Blimunda, Pilar del Río assinala que a publicação digital da fundação “continua a cumprir a sua obrigação de não esquecer”.

Socorre-se do romance “O Ano da Morte de Ricardo Reis” e de uma passagem em que José Saramago diz que o esquecimento demora nove meses a chegar, para sublinhar que a Fundação continua a trabalhar “num projeto cívico e literário” para nunca o esquecer, dispensando a necessidade de colocar “um copo de vinho sobre a mesa do almoço, como Ricardo Reis fazia para Pessoa, sinal de que estava sentado diante dele”.

Deste modo, a presença do escritor “continua a iluminar” os seus leitores de sempre, mas também os jovens que se somam à leitura: “O autor de ‘Ensaio sobre a Cegueira’ é um autor jovem que figura entre as predileções de uma nova geração que lê no século XXI de uma maneira diferente”, acrescenta.

Esta realidade parece confirmar as palavras do editor italiano do escritor, Gianlucca Foglia, quando anunciava que “José Saramago mudou de geração”.