Os trabalhadores da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), iniciam na segunda-feira uma semana de luta com os trabalhadores em greve durante três horas por dia, em protesto contra o desmembramento da empresa e pelo seu retorno à CP.

Em declarações à agência Lusa, José Manuel Oliveira, coordenador da FECTRANS — Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, explicou que se trata de uma semana de luta “pela defesa do retorno da EMEF à CP, contra o processo de desmembramento da empresa, pelo direito à negociação e contra a precariedade laboral”.

O dirigente sindical referiu que “os trabalhadores precários” devem passar a efetivos, pois “estão a ocupar postos de trabalho permanentes”, lembrando que os sindicatos defendem “a renovação dos efetivos” da EMEF e consideram que esta “é essencial, pela sua capacidade técnica, para garantir a segurança e manutenção dos comboios que estão envelhecidos”.

O primeiro dia da semana de luta dos trabalhadores da EMEF e das suas organizações representativas destes, SNTSF – Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário/FECTRANS e a Comissão de Trabalhadores (CT), inicia-se com diversas ações, entre elas um encontro com deputados nas Oficinas de Guifões, no Porto, Entroncamento, Santa Apolónia, em Lisboa, Barreiro e Vila Real de Santo António, no Algarve.

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Os trabalhadores estarão em greve de três horas por dia entre segunda e sexta-feira, um protesto que será complementado com plenários e manifestações, bem como ações nos locais de trabalho, refere a FECTRANS em comunicado.

De acordo com a FECTRANS, os trabalhadores estão a “lutar contra o desmembramento da empresa, nos termos de um projeto que está em análise usando como desculpa”, um acórdão do Tribunal de Contas (TdC), que recusou o visto prévio a 11 contratos entre a CP e a EMEF.

A federação critica o possível desmembramento em “duas empresas – uma a trabalhar unicamente para a CP e outra para os restantes clientes”, assinalando que o ‘chumbo’ do TdC a contratos aconteceu no decorrer do processo de privatização da EMEF.

Os contratos visados, com a duração entre os 7 e os 10 anos, destinavam-se a garantir um negócio de 340 milhões de euros ao eventual comprador e numa “modalidade nunca antes necessária”.

Porque a luta dos trabalhadores fez gorar a privatização da EMEF, esta continua a trabalhar para a CP, sem esses referidos contratos, pelo que estamos perante um argumento falacioso” para que haja uma “entrega ao interesse dos negócios privados”, sublinhou.

A federação antecipa que a “separação em duas ou mais empresas para uma futura privatização e com o objetivo central de gerar lucros” levará a uma redução de custos, o que se “refletirá na qualidade das intervenções, o que terá reflexos negativos na segurança, na qualidade e na fiabilidade do transporte ferroviário”.

Os trabalhadores também exigem que a EMEF volte a ser uma unidade da CP, o que “não inviabiliza a prestação de serviços a terceiros, que hoje já são feitos pela CP noutras áreas”, o aumento de salários e revisão do acordo de empresa e do regulamento de carreiras.