O reeleito secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, encerrou, em Madrid, numa cerimónia com cerca de 8.000 militantes, o 39.º Congresso do partido em que os ‘barões’ mais críticos foram afastados dos órgãos diretivos, que agora são da sua inteira confiança.

Na comissão executiva dos socialistas espanhóis, aprovada esta manhã, não haverá dirigentes regionais ou barões, que, na sua grande maioria, apoiaram a grande rival de Sánchez nas primárias realizadas há um mês, a presidente da Andaluzia, Susana Díaz.

Quase todos decidiram ficar calados no congresso, dando espaço ao novo líder, sem interferir no debate interno, depois da tensão permanente dos últimos meses.

O novo secretário-geral toma conta oficialmente do partido depois de ter sido reeleito nas primárias realizadas em maio, após a sua demissão do cargo em 01 de outubro do ano passado, na sequência do ‘chumbo’, por uma maioria de dirigentes nacionais, que na altura controlavam a comissão executiva, da sua estratégia de recusar determinantemente um Governo do PP (Partido Popular, de direita).

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Os socialistas acabaram então por viabilizar o governo de Mariano Rajoy, ao absterem-se na votação no parlamento.

Com o lema “Somos a Esquerda”, o congresso aprovou a estratégia de Sánchez no sentido de um PSOE renovado que seja uma alternativa ao atual Governo de Mariano Rajoy.

Líderes regionais e barões não estiveram presentes na sessão de encerramento do congresso aberta aos militantes de base.

Sánchez anunciou que, a partir de hoje, irá trabalhar “sem descanso” para formar uma “maioria alternativa” progressista no parlamento para terminar com a “etapa negra” do Governo do PP.

Nos próximos dias vai promover um espaço de “coordenação parlamentar” das forças progressistas para tentar desmantelar no parlamento as leis aprovadas pelo PP e tentar iniciar a formação de uma maioria alternativa.

Sánchez viu ratificada a sua estratégia política, nomeadamente a controversa ideia de “aperfeiçoar o reconhecimento do caráter plurinacional do Estado” (uma Espanha com várias nações), que Susana Díaz considera ser “um erro histórico”.

“Espanha não é imobilista, não é nem o Mariano Rajoy nem o PP. Espanha é plural e diversa, Espanha é progressista, Espanha é solidária. Espanha gosta da Catalunha. Demos de o dizer bem alto”, afirmou no seu discurso Pedro Sánchez.

No encerramento da assembleia magna socialista, prometeu ainda derrogar a reforma laborar aprovada pelo Governo de Mariano Rajoy, recuperar a negociação coletiva e elevar o salário mínimo.

Sánchez comprometeu-se a garantir pensões dignas aos maiores de 45 anos e assegurou que a sua subida é uma política de esquerda: “Não sereis uma geração esquecida”, disse.

O congresso aprovou o compromisso com a despenalização da eutanásia e a sua “regulação imediata”, assim como com a laicidade e o “desaparecimento dos privilégios da igreja católico”.

O PSOE incorpora nos seus ideários o fortalecimento de “os valores republicanos”, sem no entanto pedir o fim da monarquia, como alguns tinham defendido no debate preparatório do congresso.