O encontro estava a encaminhar-se para o intervalo. O Chile esteve quase sempre por cima, naquele sistema tático com três defesas que, quando não é traído por erros individuais, parece colocar sempre mais um homem em todos os locais do campo, como se viu na Copa América. Os Camarões, com Ondoa em destaque, tentavam aproveitar os tais erros individuais do adversário para premiarem o bom sentido coletivo que deu a vitória na Taça das Nações Africanas. Mas mantinha-se o 0-0.

Mesmo a acabar, uma assistência de Arturo Vidal resultou num golo de Eduardo Vargas. Os sul-americanos festejaram com uma coreografia onde pareciam estar a jogar às cartas ou vídeo jogos, sentados no relvado. Mas foi sol de pouca dura: apelando à ajuda do vídeo-árbitro, Skomina anulou o lance. Questão: a estar, que pode estar, seria o braço e por milímetros.

Ficha de jogo

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Camarões-Chile, 0-2

1.ª jornada do grupo B da Taça das Confederações

Estádio do Spartak, em Moscovo (Rússia)

Árbitro: Damir Skomina (Eslovénia)

Camarões: Ondoa; Mabouka, Ngadeu, Teikeu, Fai; Siani (Ngamaleu, 86′), Anguissa (Mandjek, 89′), Djoum; Bassogog, Aboubakar e Moukandjo

Treinador: Hugo Broos

Chile: Herrera; Isla, Gonzalo Jara, Medel, Fuenzalida (L. Valencia, 64′), Beausejour; Aranguiz (Francisco Silva, 71′), Marcelo Díaz, Arturo Vidal; Puch (A. Sánchez, 58′) e Eduardo Vargas

Treinador: Juan António Pizzi

Golos: Arturo Vidal (81′) e Eduardo Vargas (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gonzalo Jara (66′)

Numa altura em que o futebol português atravessa um clima de autêntica guerra civil, percebeu-se por esta decisão que o vídeo-árbitro, que será introduzido na próxima época com todos os custos suportados pela Federação Portuguesa de Futebol, ajuda mas não faz milagres. Que é como quem diz, também pode errar. Ou, pelo menos, não retira por completo as dúvidas. Nem mesmo quando a transmissão da partida, aos 50 minutos, passou uma imagem com linhas imaginárias se ganharam certezas sobre essa tomada de posição decisiva para o jogo (mas quem avalia, por conhecer o sistema de avaliação, é que sabe).

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Se juntarmos a esta questão as decisões “normais” durante um encontro (faltas a meio-campo ou à entrada da área, cartões amarelos, admoestações verbais etc.), parece líquido que a introdução das novas tecnologias será, sobretudo, um escudo de defesa para os árbitros. Acabar com as dúvidas que gravitam no futebol nacional, e que agora chegam à escolha de delegados e às notas dos observadores? Impossível.

Antes, e num início de encontro de loucos, Vargas já tinha enviado uma bola ao poste e Ngadeu tinha marcado de cabeça no seguimento de uma bola parada onde o árbitro viu falta de Aboubakar sobre Arturo Vidal.

A segunda parte acabou por ter menos momentos de perigo, com o Chile a enfrentar maiores dificuldades para criar perigo. Aos 58′, Juan António Pizzi sacou do seu ás, Alexis Sánchez. Que não deu muito nas vistas até os Camarões, de forma muito precoce, recuarem em demasia as linhas, tudo atrás do meio-campo. E seria o avançado do Arsenal a cruzar para o cabeceamento de Arturo Vidal no golo que decidiu o primeiro encontro do grupo B das Confederações, aos 81 minutos.

E para acabar da melhor forma, mais um lance avaliado pelo vídeo-árbitro, depois de ter sido anulado pelo árbitro assistente, que coincidiu com o segundo golo do Chile. Com Alexis Sánchez na jogada. E Vargas, aquele que tinha marcado no final da primeira parte sem valer, a fechar as contas em 2-0 aos 90+1′.

P.S. O FC Porto vendeu André Silva e terá de realizar mais alguns encaixes até ao final do mês para cumprir os pressupostos financeiros a que está obrigado pela UEFA. Ainda assim, só tem dois avançados: Soares e o jovem Rui Pedro. Manter o camaronês Aboubakar e renovar contrato não seria uma opção melhor e mais barata?