O número de pessoas que fugiu da guerra e da violência atingiu 65,6 milhões de pessoas, alcançado níveis recorde pelo terceiro ano consecutivo, segundo os últimos valores das Nações Unidas. O último estudo anual de tendências globais das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) relata que uma pessoa, a cada três segundos, foi obrigada a abandonar a sua casa em 2016. No ano passado, houve mais 300 mil deslocados do que em 2015.

O número de refugiados foi também o mais alto de sempre em 2016, alcançando os 22,5 milhões. A maioria deles eram provenientes da Síria, do Afeganistão e do Sudão do Sul, sendo que metade eram crianças.

Outros 2,8 milhões de pessoas pediram asilo. A Alemanha, o maior recetor de pedidos de asilo, recebeu 722.400 solicitações, sendo seguido dos EUA, Itália e Turquia. Pelo menos 75 mil requerimentos vieram de crianças que não estavam acompanhadas por ninguém.

A grande maioria das pessoas deslocadas, 40,3 milhões, fugiu de casa mas não atravessou a fronteira do seu país. A Síria, o Iraque e a Colômbia tiveram o maior número de indivíduos deslocados internamente.

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Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, declarou que o número de pessoas deslocadas era inaceitável.

É preciso garantir que os refugiados do mundo,os deslocados internos e os requerentes de asilo sejam devidamente protegidos e atendidos. Temos de fazer o melhor por estas pessoas”,disse o Alto Comissário, citado pelo The Guardian.

O conflito na Síria tem sido a maior e a mais recente fonte de refugiados, estando agora no 824 mil pessoas. Mas o relatório da ACNUR aponta as crises na África subsariana como uma grande preocupação.

A crise do Sudão do Sul tem estimulado o rápido crescimento de refugiados nessa localização, onde os esforços de paz foram quebrados em julho de 2016. Este grupo de deslocados, cresceu 64% no segundo semestre do ano passado, e é na sua maioria constituído por crianças. Este crescimento representa um aumento de 854,1 mil para 1,4 milhões.

Noutros lugares do mundo, um grande número de pessoas fugiam do Burundi (121.700 refugiados reconhecidos), do Iraque (81.900), Eritreia (69.600), Afeganistão (69.500) e Nigéria (64.700).

Estamos numa situação extremamente difícil e, numa última análise, a solução deve ter origem em estados internacionais que defendem as suas obrigações e apoiam os refugiados,ao mesmo tempo que ajudam a solucionar as crises”, disse Matthew Saltmarsh, porta-voz da ACNUR.

Aproximadamente 84% dos refugiados vivia em países de baixa ou média remuneração. Enquanto um em cada três, cerca de 4,9 milhões de pessoas, estava em países pouco desenvolvidos. No Líbano uma em cada seis pessoas é refugiado. Este país continua a hospedar um maior número de refugiados em relação à sua população nacional.

Também o Uganda sofreu um aumento dramático da sua população de refugiados, que cresceu o dobro em 2016, atingindo os 940.800 indivíduos. A maioria dos recém-chegados provém do Sudão do Sul. Mas os números do que veem das República Democrática do Congo (205.400), do Burundi (41.00), da Somália (30.700) e de Ruanda (15.200) são também significativos. Saltmarsh disse que o número de refugiados está a colocar uma enorme pressão sob as nações que os recebem.

Essa é a principal razão pela qual nós mesmos e os nossos parceiros tentamos mudar o foco internacional para apoiar os países anfitriões”, disse Saltmarsh.

No ano passado, cerca de meio milhão de refugiados voltou para o seu país de origem.