Desengane-se: não é preciso estar muito calor lá fora para que seja potencialmente mortífero ficar fechado dentro de um carro à chapa do Sol. De acordo com indicações do Journal of Emergency Medical Services, uma primaveril temperatura de 21ºC pode ser suficiente para que um ser vivo preso dentro de um automóvel possa morrer sob o calor que se faz sentir no seu interior. E a ciência explica porquê.

Quando um carro fica parado ao Sol, comporta-se como uma estufa. O problema não está apenas na temperatura que os termómetros indicam do lado de fora, mas antes no calor que se faz sentir no seu interior. De todos os raios solares que atingem o automóvel, aqueles que têm maiores comprimentos de onda (os infravermelhos) não conseguem entrar no carro porque são bloqueados pelas janelas. São precisamente esses os raios que transportam energia térmica e que vão aquecer o exterior do carro. Mas dentro do automóvel, o perigo é outro.

Se os raios infravermelhos não conseguem entrar no carro, eles também não conseguem sair cá para fora. À medida que a luz solar atinge o carro, o volante e outras partes do interior automóvel irradiam a energia transportada pelos raios de luz sob a forma de calor. Como? Através de raios infravermelhos, que não conseguem escapar-se para fora do automóvel.

É por isto que a temperatura no interior do carro pode subir muito e rapidamente: mesmo com apenas 21ºC no exterior, o carro pode atingir os 50ºC no seu interior. Estudos do Journal of Emergency Medical Services dizem que, em apenas dez minutos, a temperatura interior de um carro exposto à luz do Sol pode subir 11ºC. Em vinte minutos, a temperatura pode ter aumentado 16ºC. E, ao fim de uma hora, o interior do automóvel pode ter chegado aos 82ºC.

São valores que assustam, principalmente tendo em conta que uma pessoa pode sofrer um acidente vascular cerebral se o seu corpo atingir os 40ºC de temperatura interna. Isto porque o organismo entra em hipertermia, produzindo mais calor do que aquele de que se consegue livrar. Os batimentos cardíacos aumentam de ritmo, mas a pressão sanguínea cai a pique. A vítima fica então pálida ou com uma coloração azul e pode então morrer porque o sangue não consegue circular com normalidade pelo corpo.

Todos estes dados foram recolhidos estudando a reação de adultos submetidos a estas condições, mas em crianças ou animais o sofrimento é ainda maior: a organização Kids and Cars afirma que a temperatura corporal de uma criança nessas condições pode aumentar três a cinco vezes mais rápido do que de um adulto.

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