Na madrugada de segunda-feira, Darren Osborne, 47 anos, atropelou com uma carrinha mais de uma dezena de pessoas na zona de Finsbury Park, no norte de Londres, fazendo dez feridos e uma vitima mortal. O atropelamento ocorreu perto de um centro comunitário muçulmano e o homem acabou por ser detido pelas autoridades. Vai ser submetido a exames psiquiátricos.

No meio da confusão que levou a que Osborne fosse detido, ouviu-se uma voz dizer: “Não lhe toquem. Que ninguém lhe toque”. A voz era do imã da mesquita de Finsbury Park, Mohammed Mahmoud, que hoje aparece nos meios de comunicação ingleses como “o herói” da noite. Foi ele quem acalmou a população até que a polícia chegasse.

Durante a manhã desta segunda-feira, Mahmoud falou à imprensa e contou como conseguiu acalmar o atacante juntamente com outros “irmãos”. Tinha acabado de liderar as orações na mesquita, quando “um irmão chegou, em pânico, e disse que alguém se tinha dirigido a um grupo de pessoas, tentando matá-las”.

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Quando o imã chegou ao local, encontrou o atacante no chão. Tinha sido detido pelas pessoas. “Quando cheguei encontrei um grupo de pessoas à volta do atacante. Alguns estavam a tentar bater-lhe, com murros ou pontapés. Pela graça de Deus consegui chegar a ele e protegê-lo. Conseguimos parar com as formas de ataque e de abuso que estavam a vir de todos os lados”, contou, citado no The Guardian.

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A coragem do imã foi apreciada por Toufik Kacimi, o presidente da mesquita e do centro comunitário. Contou que Mohammed Mahmoud ajudou a acalmar a situação e a prevenir que houvesse potencialmente mais feridos ou mortos. Foi ele quem utilizou a expressão “herói do dia”.

“A multidão estava extremamente furiosa, infeliz e algumas pessoas começaram a reagir violentamente”, afirmou Kacimi.

Uma das pessoas que estava a segurar o atacante no chão contou que quando o imã chegou disse: “Ouçam, estamos em jejum, esta é a época do Ramadão, não é suposto que façam este tipo de coisas, por isso, afastem-se, por favor”. Foi isso que fez com que o atacante sobrevivesse à multidão em fúria. “Se o Imã não estivesse lá, aquele tipo não estaria vivo hoje”, disse.

Adil Rana, de 24 anos, também contou que quando o atacante saiu da carrinha, as pessoas começaram a bater-lhe, “o que era razoável, por causa do que tinha acontecido. E o imã saiu da mesquita e começou a pedir às pessoas que não lhe batessem. “Não lhe batam. Entreguem-no à polícia”, afirmou.

A atitude do líder da mesquita caiu na boa graça do mayor de Londres, Sadiq Khan, que afirmou que na confusão do momento, o imã tinha conseguido acalmar a situação “e assegurar que podia ser feita justiça através da via adequada, em vez de as pessoas sujarem as suas mãos”.

Apesar de a ocorrência não ter sido confirmada enquanto ataque terrorista, o Conselho Muçulmano Britânico disse esta segunda-feira que se tinha tratado de um ato “motivado por islamofobia”, dirigido a “cidadãos britânicos comuns”. “Pelos relatos das testemunhas parece que o perpetrador foi motivado por islamofobia”, lê-se no comunicado do Conselho Muçulmano Britânico.

Atropelamento fatal em Londres. Incidente ou ataque terrorista?