A coreana Kia vai igualmente aderir ao segmento dos SUV de pequenas dimensões, um dos que mais cresceu no último ano e que promete ver as suas vendas dispararem ainda mais nos próximos tempos. A sua arma é o Stonic, veículo de linhas atraentes, com uma personalidade própria e com uma capacidade de personalização acima da média, para a marca, que recorre a uma base já existente da Kia para poupar tempo e custos.

De onde vem o Stonic?

Hyundai e Kia são marcas do mesmo grupo coreano e, tradicionalmente, partilham plataformas e mecânicas visando maximizar a economia que só as sinergias permitem. Contudo, desta vez e porque a Kia decidiu avançar para este segmento muito antes da Hyundai, sobretudo visando o mercado europeu – na época, a Kia não revelou qualquer interesse no veículo para a Coreia do Sul –, o Stonic foi concebido com base na plataforma do Rio, o que é bom em termos de custos e peso, mas tem a desvantagem de não permitir o recurso à tracção integral.

Segundo o Chief Operating Officer (COO) da Kia Europa, Michael Cole, esta não é propriamente “uma desvantagem, uma vez que mais de 90% do mercado consome apenas 4×2 neste segmento, o que enquadra o novo SUV compacto na perfeição com a procura”. Por outro lado, a Hyundai, que decidiu avançar neste segmento posteriormente com o Kona, optou por uma plataforma que entretanto ficou disponível para o mercado EUA (e que a Kia também vai utilizar num futuro veículo destinado ao mercado americano), já com possibilidade de integrar a tracção integral.

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Esteticamente, é apelativo?

Muito. E ousado. Desenhado pela equipa dirigida pelo alemão Peter Schreyer – que agora é responsável pela estética dos Kia e Hyundai, depois de durante anos ter apenas assinado os projectos do primeiro destes fabricantes coreanos –, o Stonic mantém a grelha Tiger Nose da marca, mas numa versão mais fina e estilizada, que se vê prolongada pelos grupos ópticos, surgindo os faróis de nevoeiro em posição vertical, para reforçar a sensação máscula do modelo.

A lateral do pequeno SUV é provavelmente o seu aspecto mais marcante, fruto de um certo efeito “Targa” incutido pelo terceiro pilar do tejadilho, que faz lembrar os 911 Targa. É claro que este elemento estético fornece uma oportunidade de ouro para personalizar o Stonic, que assim, e mais uma vez de acordo com Michael Cole, “disponibiliza 22 possibilidades distintas de decorar a carroçaria“, para que cada condutor vista o Kia a seu gosto. O modelo não tem de necessariamente oferecer a carroçaria em dois tons, ou até mesmo com barras no tejadilho, mas será com este dispositivo e com a solução bicolor que o Stonic sai mais valorizado esteticamente.

Os guarda-lamas alargados, protegidos por uma banda de plástico junto às cavas das rodas, bem como a volumosa embaladeira sob as portas, reforçam o ar “durão” do veículo, que parece um jipe em ponto pequeno, mas que se destina a uma utilização bem mais civilizada, à semelhança do que acontece com os seus concorrentes.

A traseira faz lembrar a do Sportage, em ponto pequeno, completando uma carroçaria que agradará à maioria.

Como é por dentro?

Por dentro, o Stonic nada tem a ver com o Hyundai Kona, partilhando todos os elementos com o Rio. Ainda assim, a Kia previu cinco possibilidades diferenciadas de decorar o habitáculo, o que vai ao encontro da moda actual, por permitir que o carro seja diferente do dos seus vizinhos. Assim, o cliente pode optar por colocar alguma cor no assento, bem como na moldura em volta da consola inferior e do painel central, em cima no tablier, que envolve o ecrã multimédia.

Os materiais são agradáveis à vista, mas recorrem a plástico duro, tal como o Rio, com bastante espaço para quem se senta à frente e um volume razoável para quem partilha o banco posterior, em tudo similar ao Rio, que exibe a mesma distância entre eixos. Tal como o Kona, o Stonic (que oferece menos espaço atrás) não regula longitudinalmente o assento posterior, pelo que não tem a possibilidade de privilegiar o espaço no assento posterior ou na mala (com 352 litros), consoante as necessidades do momento.

Ainda em matéria de equipamento, o novo SUV pode incluir o controlo electrónico de estabilidade, a gestão de estabilidade do veículo, que recorre à vectorização do binário pela travagem, estabilidade em linha recta e controlo de travagem em curva.

Os motores e os preços são adaptados ao mercado?

Para começar, o motor mais acessível da gama portuguesa será a unidade 1.2 atmosférica a gasolina, com 84 cv. Segundo os responsáveis pela marca em Portugal, esta será uma versão que permitirá colocar o Stonic abaixo dos 17.000€, mas que pouco representará em termos de venda.

O bestseller para o mercado nacional será o motor tricilíndrico 1.0 sobrealimentado a gasolina, com 120 cv, que lhe assegurará um nível muito respeitável de acelerações, sem necessariamente elevar os consumos. Em condições normais – se considerarmos a gama Rio, por exemplo – isto pressupõe um incremento de preço face ao motor 1.2 de 84 cv pouco superior a 1.000€, para o mesmo nível de equipamento, o que atirará o Stonic de 120 cv para a fasquia dos 18.000€.

Quanto a versões eléctricas ou híbridas, o vice-presidente para o marketing da Kia Europa, o português Artur Martins, é taxativo: “Para já, não. Mas assim que o mercado o exigir e à semelhança dos outros construtores, vamos produzi-las.” O mesmo responsável admite que “esta é mesmo a única forma de respeitar o limite de 95 gramas de CO2 como média de emissões da gama, que vai ser imposto a partir de 2020”, sendo que a primeira versão a surgir deverá ser aquilo a que se convencionou apelidar de mild hybrid, ou seja, um veículo com motor a gasolina com um pequeno motor eléctrico, alimentado com uma bateria de pequena capacidade, para não onerar excessivamente o preço do produto. Contudo, este Stonic híbrido seria capaz de circular curtas distâncias em modo 100% eléctrico, com o motor a electricidade a ajudar nas acelerações e reprises, de forma a reduzir consumos e emissões.

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