Rui Jorge chegou à Seleção Nacional Sub-21 em 2011. Se excluirmos os Jogos Olímpicos, onde existem jogadores acima da idade, não perdeu um jogo no tempo regulamentar desde outubro desse ano (Rússia, 2-1) até hoje. Um único. Por ele passaram várias gerações de vários jogadores com vários talentos. Como esta, que é excelente. Mas a da Espanha é ainda melhor. E ganhou, por 3-1. Sem que isso belisque no que quer que seja Portugal, esta equipa e todo o trabalho feito ao longo de 68 meses onde a palavra derrota não fez parte do dicionário nacional.

Ficha de jogo

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Portugal-Espanha, 1-3

2.ª jornada do grupo B do Campeonato da Europa Sub-21

Estádio Gosir, em Gdynia (Polónia)

Árbitro: Tobias Stieler (Alemanha)

Portugal: Bruno Varela; João Cancelo, Rúben Semedo, Edgar Ié, Kévin Rodrigues; Rúben Neves, Renato Sanches (Ricardo Horta, 73′), João Carvalho (Gonçalo Paciência, 66′), Bruno Fernandes; Daniel Podence (Bruma, 57′) e Gonçalo Guedes

Treinador: Rui Jorge

Espanha: Kepa; Bellerin, Vallejo, Meré, Jonny; Marcos Llorente, Saúl Ñíguez; Marco Asensio (Mikel Merino, 90′), Dani Ceballos, Deulofeu (Denis Suárez, 82′) e Sandro Ramírez (Iñaki Williams, 75′)

Treinador: Albert Celades

Golos: Saúl Ñíguez (21′), Sandro Ramírez (64′), Bruma (77′) e Iñaki Williams (90+3′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rúben Neves (4′), Dani Ceballos (56′), Bruno Fernandes (70′), Gonçalo Paciência (75′) e Rúben Semedo (79′)

Kepa (Athl. Bilbao), Bellerín (Arsenal), Jesús Vallejo (Eintracht Frankfurt), Jorge Meré (Sp. Gijón), Jonny Castro (Celta de Vigo), Marcos Llorente (Alavés), Dani Ceballos (Betis), Saúl Ñíguez (Atl. Madrid), Deulofeu (AC Milan), Asensio (Real Madrid) e Sandro Ramírez (Málaga) foram as opções iniciais de Albert Celades, o antigo médio do Barcelona hoje treinador. Se os nomes não disserem tudo, os clubes ajudam. Mas acrescentemos mais um ponto: sendo uma equipa tão nova, ter um valor de mercado médio de 20 milhões serve como sentença final.

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A Rojita é a nova menina querida dos nuestros hermanos, mas também passa maus bocados como a equipa mais velha e foi isso que aconteceu frente a Portugal: nos primeiros 15 minutos, a Seleção deu um valente abafo nesta mini-constelação de estrelas que tinha goleado a Macedónia por 5-0 na primeira jornada, tendo mesmo atirado uma bola ao poste pelo maior dos mais pequenos jogadores em campo: Daniel Podence (11′).

A equipa estava a jogar como gente graúda mas acabou por errar como miúda: num raro momento de passividade defensiva, os jogadores portugueses não atacaram forte a incursão pelo corredor central de Saúl Ñíguez e o médio mais valioso da competição aproveitou um ressalto na hora do remate para inaugurar o marcador aos 21 minutos. Portugal abanou, perdeu um pouco o controlo do jogo, mas voltou a levantar-se para ir à luta. Que, sem a mesma profundidade ofensiva, ficou por aí, pelas intenções. Até ao intervalo.

Porque se a Seleção entrou forte na primeira parte, tinha guardada a mesma dose para o início do segundo tempo. O jogo até ficou mais partido, com tudo o que isso tem de bom e de mau, mas foram Bruno Fernandes (47′) e Podence (51′) a deixarem os primeiros avisos à baliza de Kepa. Logo a seguir, Edger Ié salvou em cima da linha o golo de Asensio, mas Portugal continuava a ser graúdo em campo. E o filme repetiu-se: má transição defensiva a permitir o cruzamento rasteiro de Deulofeu para a entrada a matar de Sandro Ramírez. 2-0 a menos de meia hora do fim.

Rui Jorge, que já lançara Bruma, arriscou um ponta-de-lança de raiz, Gonçalo Paciência. Foi com tudo para a frente. E ainda reacendeu a esperança quando o ala que recentemente assinou pelo RB Leipzig fez um golo de primeira de pé esquerdo, fora da área, que deixou um adepto espanhol nas bancadas de mãos na cabeça.

Não mais Portugal conseguiu criar perigo. E, no seguimento de um erro clamoroso de Rúben Semedo, o prodígio Iñaki Williams (Athl. Bilbao) acelerou a fundo até chegar à área e sentenciar o 3-1 final no último lance do jogo.

Com este resultado, a poderosa mas hiper eficaz Espanha (apontou oito golos em dez remates enquadrados com a baliza em dois jogos) está apurada para as meias-finais do Europeu Sub-21, ao passo que Portugal adia tudo para a última jornada, onde terá de ganhar à Macedónia. Por quanto, logo se verá: como só passa o melhor segundo classificado à próxima fase, terá de esperar pelos jogos de amanhã de Itália e Alemanha…