Quase meio século depois da primeira tradução em inglês, foi lançada no Reino Unido nova edição de A Ilustre Casa de Ramires, de Eça de Queirós, a décima da tradutora e sua “admiradora” Margaret Jull Costa.

O “romance” de Jull Costa com o escritor português começou em em 1992, quando lhe foi pedida uma tradução de O Mandarim, pelo editor Eric Lane, que na altura queria publicar livros de autores dos 12 países da União Europeia para comemorar o mercado único comum.

“Em 30 anos de profissão, 25 foram passados a traduzir Eça de Queirós”, confiou, numa apresentação do livro na embaixada de Portugal no Reino Unido.

Nos anos seguintes trabalhou nas traduções de A Relíquia, A Tragédia da Rua das Flores, O Crime do Padre Amaro, Primo Basílio, Os Maias, A Cidade e as Montanhas, Alves & Companhia e O Mistério da Estrada de Sintra. A anterior tradução de A Ilustre Casa de Ramires para inglês datava de 1968.

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Margaret Jull Costa é a mais conhecida e premiada tradutora de português para língua inglesa, responsável pela tradução de livros de Saramago, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, António Lobo Antunes, Lídia Jorge ou Teolinda Gersão. A tradução de Os Maias foi premiada com o prémio Oxford Weidenfeld no Reino Unido e o prémio Pen Livro do Mês nos EUA, ambos em 2008.

A tradutora não tem dúvida de que Eça de Queirós “devia ser mais conhecido” no Reino Unido, elogiando o seu talento e estilo para fazer desde descrições a diálogos.

“Tem um sentido fantástico do absurdo”, algo que se identifica muito com o público britânico, afirmou.

O crítico Jonathan Keates, autor de vários textos sobre Eça de Queirós, contou como conheceu o trabalho do escritor português ainda nos anos 1950.

“Tinha 11 anos quando ouvi uma dramatização de ‘O Primo Basílio’ na rádio”, revelou, tendo-se tornado num entusiasta “queirosiano”. Se considera “absolutamente monumental” a obra Os Maias, julga A Ilustre Casa de Ramires como “formidável”.