Na carta intitulada “Moving Uber Forward” (em português, “Andar com a Uber para a frente”), os maiores acionistas da Uber pediram a saída imediata de Travis Kalanick do cargo de presidente-executivo da empresa. As razões apontam para a necessidade de mudar de liderança.

A discussão com o Conselho da Uber durou algumas horas, mas Travis Kalanick acabou mesmo por renunciar ao cargo de CEO de um dos gigantes tecnológicos do setor dos transportes privados. Kalanick vai, ainda assim, permanecer na administração da empresa.

A demissão partiu da exigência de cinco dos maiores investidores da empresa e dos mais prestigiados da indústria da tecnologia que investiram na Uber nos primórdios da empresa, e que representam mais de um quarto das ações da tecnológica. Em conjunto detêm até 40% da decisão de voto dentro da Uber, o que explica o poder de decisão que têm nos destinos da empresa.

Fonte do Conselho da Uber, citado pelo New York Times, disse que a demissão daria à empresa “espaço para abraçar um novo capítulo” na sua história. No mesmo comunicado, sublinha-se que foi uma decisão conjunta e que Kalanick pode, assim, recuperar da recente morte da sua mãe.

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O [agora] ex-presidente, em declarações ao New York Times, sublinha que a decisão que tomou irá permitir à empresa crescer “em vez e se distrair com mais um confronto”.

Amo a Uber mais do que qualquer coisa no mundo e neste momento difícil da minha vida pessoal aceitei o pedido dos investidores para afastar-me”

Além da demissão imediata de Kalanick, a os acionistas pediram uma supervisão melhorada no quadro da empresa e que dois dos três lugares vagos na administração fossem ocupados por diretores “verdadeiramente independentes”. Na mesma carta é pedido que Kalanick lidere uma comissão para encontrar um novo presidente-executivo e que a Uber contrate imediatamente um diretor financeiro mais experiente.

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Em 2009, Kalanick ajudou a fundar, na cidade de São Francisco, a startup de serviços de transporte de passageiros com condutor, que funciona através de uma aplicação disponível nos telemóveis, tendo alcançado uma implementação sem precedentes em todo o mundo.

Este episódio surge depois das críticas sexistas a quem a empresa foi sujeita há alguns meses e de Jeff Jones ter abandonado o cargo de primeiro vice-presidente na sequência das polémicas.

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Kalanick tinha tirado licença por tempo indefinido por razões pessoais, a 13 de junho. Nos últimos meses a Uber já despediu mais de 20 funcionários e iniciou mudanças radicais para mudar o seu ambiente de trabalho.

Além de acusações sobre negócios secretos, a empresa está ainda a ser investigada por supostamente ter fornecido informações falsas às entidades oficiais de regulação do setor dos transportes de passageiros. As autoridades judiciais norte-americanas estão a investigar os programas de computador alegadamente desenvolvidos pela Uber para evitar o controlo dos reguladores. Por outro lado, a empresa é também acusada de ter obtido de forma irregular tecnologia sobre veículos não tripulados que está a ser desenvolvida pela Google.

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