O endividamento da economia portuguesa para com o exterior voltou a aumentar em abril e atingiu um novo máximo histórico, em parte devido porque as empresas passaram a endividar-se no exterior em vez de junto da banca portuguesa. O peso relativo do endividamento da economia em percentagem do PIB, porém, ainda está longe dos mais de 400% do PIB de endividamento verificados entre 2012 e 2015.

Administrações Públicas, empresas e famílias continuam a aumentar o seu endividamento face ao exterior. De acordo com o Banco de Portugal, o endividamento da economia portuguesa – excluindo o setor financeiro – está a aumentar desde janeiro deste ano e atingiu em abril os 723,6 mil milhões de euros.

Olhando exclusivamente para o valor nominal, este é um aumento de pouco menos de cinco mil milhões de euros num mês e, de facto, o mais alto valor de sempre. No entanto, e até porque é importante ter em consideração o aumento do valor do dinheiro, as contas em percentagem do PIB contam uma história muito diferente.

Em março, último mês com dados do PIB, o Banco de Portugal estimava que o endividamento da economia portuguesa face ao exterior fosse de 385,3% do PIB, o que mostra uma redução nos últimos três trimestres do peso relativo do endividamento. Usando um valor semelhante do PIB ao usado para calcular os números de março, o endividamento da economia portuguesa subiria para cerca de 387% do PIB.

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Embora elevados, estes valores estão muito longe do que se verificou no período mais grave da crise em Portugal. Entre junho de 2012 e junho de 2015, o endividamento da economia portuguesa face ao exterior foi sempre superior a 400%.

Em junho de 2013, o Banco de Portugal calculava mesmo que o endividamento total chegava aos 427,5% do PIB, uma diferença de 42,2 pontos percentuais do PIB face ao que se verificava em março.

Esta diferença explica-se com a grave recessão que afetou a economia portuguesa neste período e que teve o seu período mais agudo em 2013. Desde então, a economia portuguesa conseguiu recuperar alguma da riqueza perdida com a crise, o que faz com que estas contas sejam um pouco melhores.