O arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino, emitiu hoje um comunicado, em nome da Igreja Católica, a condenar o uso excessivo de parte das forças de segurança contra manifestantes opositores.

“Com serena indignação e firmeza, quero expressar a minha condenação aos atos de repressão que o Governo, através da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), alguns corpos policiais e grupos armados paramilitares, têm realizado nestes 80 dias de protestos políticos”, afirma.

Segundo Jorge Urosa Savino, o povo venezuelano, amparado pela Constituição, “manifesta-se contra a gravíssima situação de fome, carência de medicamentos e bens essenciais, assim como contra o desconhecimento da Assembleia Nacional, a detenção de pessoas por serem adversários do Governo e a eliminação das eleições previstas na Constituição e nas leis”.

“A isso soma-se a convocatória, sem consultar o povo soberano, feita pelo Presidente (Nicolás) Maduro para uma nova Assembleia Constituinte setorial e desvirtuada, com bases tendenciosas e parcializadas, que não respeitam a universalidade nem a proporcionalidade do voto”, frisa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o arcebispo, as manifestações opositoras “têm sido, quase todas, atacadas pelo Governo, de diversas maneiras e o resultado quase 70 pessoas assassinadas pela ação repressiva”.

“Isso é totalmente ilegal e anti-constitucional e merece a mais ampla condenação. De igual maneira, a morte de alguns pessoas causadas por alguns opositores”, sublinha.

Jorge Urosa Savino vinca que “a violência é má, venha de onde vier e tem ocorrido em todo o país” e “em Caracas, recentemente, tem-se visto o assassinato de muitos jovens, entre eles Juan Pablo Pernalete, Miguel Castillo, Neolamar Lander, Fabian Urbina, e na tarde de quinta-feira, David Vallenilla, abatido a sangre frio”.

“Por toda essa repressão, ao longo do país, expresso a minha mais contundente condenação à ação violenta e ilegal das autoridades do Governo, que estão a dirigir o controlo das manifestações. Reitero o meu apelo urgente ao fim imediato da repressão das manifestações do povo”, sublinha.

Para a Igreja Católica, “o Governo, em vez de reprimir, deve resolver os problemas que angustiam o povo e que o têm levado às ruas”.

“O Governo deve desistir do propósito de impor um sistema totalitário e antidemocrático. Esse é o apelo que fazemos aos bispos venezuelanos e que, noutros termos, tem também feito o papa Francisco”, vinca.

Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril último, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.

Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte, feita a 01 de maio último pelo Presidente Nicolás Maduro.

O número oficial de mortos é de 76.