Cerca de duas dezenas de trabalhadores da segurança privada dos aeroportos reuniram-se este domingo em frente ao aeroporto de Lisboa, no último dia de uma greve de 48 horas convocada pelo sindicato do setor.

Armando Costa, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), disse este domingo à Lusa que a greve de trabalhadores da Securitas e da Prosegur, que se iniciou no sábado e que termina hoje, “está a ter uma adesão bastante satisfatória”, de cerca de 50%. Os trabalhadores em greve pretendem exigir a “contratação coletiva”, “melhores condições de trabalho” e “uma carreira com dignidade”.

Sublinhando que “é difícil avançar com números”, o dirigente sindical adiantou que a adesão à greve “deve andar na ordem dos 50%” e que “há postos fechados” e “existem alguns atrasos de passageiros no acesso à parte restrita”.

Relativamente à decisão de decretar serviços mínimos de 50%, uma situação que Armando Costa considera que é “o Governo mais uma vez a pôr-se ao lado das empresas, cortando o direito à greve destes trabalhadores”. O sindicalista afirmou, no entanto, que “o objetivo da greve não é penalizar passageiros nem as companhias aéreas, é dar condições de trabalho e acabar com a precariedade destes trabalhadores”.

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Também na concentração de trabalhadores e sindicalistas estava Fernando Henriques, do SITAVA, que afirmou que “a luta não vai parar”. Fernando Henriques contou que os vigilantes de segurança privada “estão nos aeroportos desde 2004” e que, “na altura ganhavam 777 euros e hoje ganham 743 euros”, ou seja, “13 anos depois ganham menos 34 euros, sendo que nessa altura passavam pelos aeroportos cerca de 22 milhões de passageiros e hoje passam 40 milhões”.

“Quase que duplicámos o número de passageiros e os trabalhadores estão a ganhar menos”, referiu o sindicalista, considerando que “as funções que estes trabalhadores desempenham não se coadunam com regimes de adaptabilidade, com folgas apenas um dia em 12 ou dois em 17”, porque “têm de estar mental e psicologicamente bem para garantirem que nada é introduzido nas áreas restritas ou nos aviões”. Para Fernando Henriques, “não é com trabalhadores precários que se garante uma segurança de qualidade”.

Isabel Fortuna é um exemplo que confirma os relatos dos sindicalistas: é vigilante aeroportuária há 10 anos e hoje o seu vencimento é mais baixo do que quando começou a trabalhar.

Estou aqui hoje em luta contra a precariedade do nosso trabalho. Não temos carreiras, hoje estou a ganhar menos do que ganhava há 10 anos. É uma luta por mais tempo com a nossa família e por melhores condições de trabalho”, disse.

Isabel Fortuna lamentou ainda que as empresas de segurança, “além de não quererem dar aumentos nem condições de trabalho” aos seus funcionários, “ainda estão a tentar tirar”. “Por exemplo, tenho fins de semana [livres] de dois em dois meses e querem passar para de quatro em quatro, querem cortar o preço da hora noturna e as majorações”, acrescentou.

Do lado da ANA – Aeroportos de Portugal, Rui Oliveira, disse que “não tem havido cancelamentos nem atrasos” nos voos e que “as filas continuam maiores do que é normal”.

Rui Oliveira recomendou ainda aos passageiros para que cheguem ao aeroporto cerca de três horas antes do voo e para que procedam ao despacho da bagagem pelo porão, para reduzir o número de peças a rastrear no controlo de bagagem de mão, que “é o que muitas vezes demora mais tempo”.