O presidente do Banco Central Europeu está em Lisboa esta segunda-feira para a quarta edição do encontro do BCE em Sintra, onde cerca de 150 governadores, académicos e jornalistas vão olhar para o futuro das economias desenvolvidas e discutir o crescimento económico e o investimento. A maior estrela do encontro organizado pelo maior credor de Portugal será Ben Bernanke, ex-presidente da Reserva Federal.

Pelo quarto ano consecutivo, a cúpula da economia mundial vai estar em Sintra a convite do Banco Central Europeu. Desta vez, o Fórum do Banco Central Europeu vai estar virado para o crescimento económico, depois de anos centrado em questões relacionadas com o legado da crise.

Este ano, o encontro vai contar com a participação do ex-presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Ben Bernanke, que durante o período mais turbulento da crise financeira liderou os esforços para estabilizar a maior economia do mundo e para ajudar os restantes continentes a navegar a tormenta que se levou à falência inúmeros bancos e vergou economias um pouco por todo o mundo.

Ben Bernanke, um estudioso da grande depressão, a maior crise económica que os EUA sofreram durante o século XX, será o primeiro convidado do evento a falar.

No evento falarão ainda o antigo economista chefe do FMI Simon Johnson, o economista-chefe do Google Hal Varian, e os governadores dos bancos centrais de Inglaterra, Mark Carney, do Japão, Haruhiko Kuroda, e do Canadá, Stephen Poloz, entre muitos outros.

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Ainda antes do início do Forum, que decorre entre segunda-feira e quarta-feira na Penha Longa, em Sintra, Mario Draghi fará uma passagem pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) para uma conversa com os alunos das quatro faculdades de economia de Lisboa.

O Forum, que decorrerá em Sintra pelo quarto ano, começou a ser organizado pelo BCE em 2014 e realizou-se sempre em Portugal. A ideia é semelhante ao encontro anual organizado pela Reserva Federal dos Estados Unidos em Jackson Hole, no Wyoming, onde há décadas os principais rostos da economia mundial se juntam para discutir temas económicas e para a pesca da truta, num ambiente que prima pela informalidade.

O maior credor de Portugal

A estrutura do BCE reúne-se em Portugal numa altura em que o programa de compra de dívida pública do BCE, que tem ajudado a manter os juros exigidos pela dívida pública em níveis baixos injetando maior liquidez no mercado, acabou de se tornar naquele que mais dívida tem de Portugal.

De acordo com os dados divulgados pelo BCE recentemente, o Eurosistema já comprou 27,6 mil milhões de euros de dívida pública portuguesa que estava nas mãos de investidores. Só isto faz do BCE o maior credor de Portugal, desde o final de maio, ultrapassando mesmo o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que detém 27,3 mil milhões de euros de dívida portuguesa relativos aos empréstimos feitos a Portugal ao abrigo do resgate pedido em 2011.

O BCE já era o maior credor, se contarmos nestas contas a dívida que o banco central ainda tem no seu balanço comprada desde 2010 no já extinto Securities Markets Program (SMP), criado em 2010 para estancar no efeito no mercado da dívida da crise das dívidas soberanas na mesma altura em que a Grécia pediu o seu primeiro resgate.

De acordo com o BCE, no final do ano passado o banco central ainda detinha cerca de 9,5 mil milhões de euros de dívida pública portuguesa.