A economia europeia está a recuperar, mas para garantir que a recuperação é sustentável o Banco Central Europeu tem de ser persistente e manter a política monetária acomodatícia que tem seguido para garantir que a inflação regressa a níveis desejáveis e ser prudente na forma como entretanto começará a retirar os estímulos para não prejudicar a recuperação, afirmou esta terça-feira o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

Na abertura do segundo dia do Fórum do Banco Central Europeu, que decorre em Sintra pelo quarto ano consecutivo, Mario Draghi enviou uma mensagem aos mercados e aos mais conservadores – dentro e fora do BCE – que têm vindo a pedir o fim dos estímulos monetários, como a compra de dívida, com receio que a inflação cresça demasiado ou se criem novas bolhas especulativas.

E a mensagem é clara: “para assegurarmos o regresso da inflação ao nosso objetivo, necessitamos de persistência na nossa política monetária”, disse.

Mario Draghi fez uma análise bem mais otimista do que a que havia feito há um ano, quando os banqueiros centrais se reuniram em Sintra poucos dias depois dos eleitores britânicos votarem a favor da saída do Reino Unido da União Europeia, lembrando os empregos criados desde a crise e até desde que o BCE começou a comprar ativos nos mercados, e citando o crescimento económico sustentado e consecutivo que se verifica na Europa.

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Segundo Mario Draghi, o crescimento económico está “acima da média e bem distribuído por toda a Europa”, mas há riscos que se mantêm: “a dinâmica da inflação continua mais fraca do que poderíamos esperara tendo em conta as estimativas para o hiato do produto e os padrões históricos”.

É esse o principal factor que justifica, segundo o responsável do BCE, que se mantenha a atual política monetária, apesar de ver estes feitos como ultrapassáveis e temporários. Mas para garantir que o crescimento continua, de forma sustentável, e sem necessitar de continuos estímulos monetários, o BCE defende que é preciso criar um circulo virtuoso entre investimento e crescimento da produtividade.

Ainda assim, fica uma garantia – e um aviso: mesmo quando a inflação começar a recuperar de forma sustentável, o BCE tem de medir bem a retirada dos estímulos monetários que tem no mercado, e que têm mantido as taxas de juro baixas (uma política da qual Portugal também tem beneficiado, numa altura que o mais recente programa de compra de dívida do BCE já é o maior credor de Portugal).

“A nossa política [de estímulos] tem de ser persistente, e precisamos de ser prudentes na forma como ajustamos os parâmetros dessa política face á melhoria das condições económicas”, disse o governante.

Só quando a situação se começar a justificar é que os estímulos vão começar a ser retirados, e mesmo nessa altura a eliminação dos apoios extraordinários tem de ser feita de forma gradual e bem medida, para não prejudicar a recuperação.