Passaram quatro meses desde que os habitantes de alguns dos prédios da Rua Damasceno Monteiro, no bairro da Graça em Lisboa, tiveram que deixar as duas casas. O muro que se erguia na a parte de trás dos números 100 a 112, construído pouco depois da Segunda Guerra Mundial, cedeu e as os andares mais próximos do solo foram invadidos por pedras e terra.

Continua vedado o acesso do número 100 aos número 112 da Rua Damasceno Monteiro, na Graça, Lisboa ANA FRANÇA/OBSERVADOR

Mas a data do regresso parece estar próxima. “As pessoas poderiam voltar às suas casas já no primeiro dia de julho”, garantiu ao Observador Natalina Moura, presidente da junta de freguesia de São Vicente, mas falta ligar a água, o gás, a luz e a internet. “As obras estão praticamente concluídas mas as pessoas têm operadoras e fornecedores de gás e luz diferentes e é preciso garantir que toda a gente tem as condições adequadas para que possam voltar a casa antes de as trazermos de volta”, disse Natalina Moura, que acompanhou a Proteção Civil e a autarquia no realojamento dos habitantes. Neste momento estão quase todos num hotel em São Domingos de Benfica, exceção feita aos que optaram por ficar com familiares.

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Cinco pessoas ficaram alojadas mais perto. “Há dois casais e uma senhora acamada que foram colocados mais próximos, num hotel na Mouraria, por terem dificuldades específicas de deslocação ou necessidade de se manterem perto do local onde vivem, mas também devem regressar às suas casas em breve”, disse a responsável.

Natalia Moura está “satisfeita” com a forma como as obras têm corrido e acredita que toda a gente deverá estar de regresso a casa até meio do próximo mês. A presidente da junta de São Vicente tem-se reunido com regularidade com os moradores afetados e garante que a principal preocupação das pessoas era que a estrutura da edificação pudesse ter sido afetada. A engenheira responsável pela obra, Helena Bicho, disse na última reunião, realizada dia 27 de Junho, que isso “não aconteceu” e que “a segurança da estrutura está completamente assegurada”.

O antes e depois da parte de trás dos prédios na rua Damasceno Monteiro. TIAGO PETINGA LUSA / ANA FRANÇA OBSERVADOR

Quatro meses tinha sido o prazo traçado pelos responsáveis da obra na altura em que o muro que separa o empreendimento Vila Graça e as casas da Damasceno Monteiro cedeu e, segundo assegura a presidente, “está a ser cumprido”. Resta apenas “retirar os andaimes” e “limpar os logradouros”.

O que pode ainda demorar é o apuramento de responsabilidades. Alguns moradores tinham dito aos jornalistas que acompanharam a evacuação dos edifícios que já tinhas avisado a câmara do estado do muro, até porque seriam já visíveis rachas, líquidos e plantas que despontavam entre o cimento. A presidente da junta de São Vicente garante que “as responsabilidades serão apuradas” mas diz que, a ela, nunca lhe chegou qualquer queixa. A engenheira Helena Bicho também já tinha dito aos jornalistas, na altura em que parte do muro ruiu, que a estrutura não estava identificada para qualquer reparação.”Eu sou geóloga de formação. Se tivesse ouvido falar ou se alguém me tivesse mostrado alguma fotografia eu saberia logo dizer se a estrutura estava em perigo mas nunca ninguém se queixou”, acrescentou ainda Natalina Moura.

No total, 102 pessoas que tiveram que ser realojadas.