A manifestação da PSP terminou esta quarta-feira frente ao Ministério das Finanças, depois de os dirigentes sindicais da polícia terem ouvido no Ministério da Administração Interna que a resolução de parte dos seus problemas depende da tutela financeira.

Já passava das 20h00 quando os dirigentes das associações sindicais da PSP foram recebidos pelo chefe de gabinete da ministra da Administração Interna, a quem entregaram um documento reivindicativo e de quem ouviram que a resolução de parte das exigências da PSP passará pelo Ministério de Mário Centeno.

Os polícias concentrados frente ao Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa, acompanharam os dirigentes sindicais e em poucos minutos mudaram o protesto para a porta do Ministério das Finanças, onde deixaram uma cópia do mesmo documento entregue ao chefe de gabinete da ministra que os tutela.

A manifestação, que partiu pelas 19h00 da Praça dos Restauradores, em Lisboa, e que levou 45 minutos a chegar ao Terreiro do Paço, decorreu calmamente, ao som de palavras de ordem e reivindicativas, dirigidas ao Governo, e foi só em frente ao Ministério das Finanças que subiu de tom, com os manifestantes a gritarem “Vergonha!” e “Invasão!”, não tendo passado da ameaça, vigiados por pouco mais de uma dezena de colegas destacados para acompanhar o protesto.

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Polícias manifestam-se esta quarta-feira contra falta de respostas do Governo

Ainda à saída do MAI, Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), disse que espera que o Governo dê resposta aos polícias até setembro. “Queremos é que no início de setembro estes problemas já não sejam problemas, já tenham soluções”, declarou.

Paulo Rodrigues disse que a manifestação “superou as expectativas” e defendeu que “o sinal está dado” ao Governo com o protesto desta quarta-feira, que refletiu “o descontentamento e a desmotivação” naquela força policial.

É uma mensagem clara ao Governo, de que os polícias estão unidos e de que algo tem que mudar. Caso não mude, vamos continuar nas ações de protesto e isso não é saudável nem para os polícias, nem para a própria instituição”, disse o presidente da ASPP/PSP.

Entre as várias reivindicações da PSP, a que diz respeito à passagem à aposentação e pré-aposentação seria a que permitiria desbloquear um maior número de problemas, disse Paulo Rodrigues. “Isso vai de alguma forma reduzir a capacidade de resposta em termos operacionais. Se a legislação fosse cumprida, com as saídas e entradas, conseguiríamos resolver uma grande parte das situações”, afirmou, dando como exemplo a abertura de vagas para agentes mais novos e maior rapidez nas progressões.

Domingos Correia, na PSP há 26 anos, marcou presença na manifestação desta quarta-feira para exigir o cumprimento do Estatuto da PSP, exigindo ao poder político, “que tem o poder de decisão, que cumpra a lei”. “Se nós votamos, e temos Governo para nos governar, eles só têm de fazer a obrigação deles, que é governar-nos bem. A esperança que tenho é que cumpram a 100% aquilo que determinaram com força de lei”, afirmou.

Já Luís Santos, também agente da PSP, defendeu que a ministra terá que “ter olhos para ver que esta não é uma manifestação qualquer”. “Acho que estamos a ser muito prejudicados, o Governo não tem feito nada no sentido de nos ajudar. As promessas continuam, nós vamos acreditando que as coisas vão acontecendo. Este Governo prometeu muito em relação ao outro, pensávamos que era desta, mas as coisas estão a encalhar outra vez, e não é do nosso agrado e o pessoal anda muito desanimado com a situação”, disse.

A manifestação, que arrancou com várias centenas de polícias em marcha dos Restauradores até ao Terreiro do Paço, terminou com milhares concentrados frente aos dois ministérios, segundo as contas da organização e que não foram possíveis de confirmar junto dos agentes da PSP que acompanharam o protesto, que não quiserem comentar os números.

Entre as principais reivindicações da manifestação desta quarta-feira estavam o cumprimento na totalidade do estatuto profissional da PSP, a demora na conclusão dos concursos de promoção e no desbloqueamento dos índices remuneratórios, além da falta de aprovação do subsídio de risco.

Os polícias exigem também novas admissões na Polícia de Segurança Pública e promoções regulares, bem como a publicação da lista das passagens à pré-aposentação com a devida antecedência e o fim da taxa de sustentabilidade para os aposentados.