Quase 80% do valor investido na florestação e reflorestação foi dirigido para o eucalitpo em 2015. Os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), foram divulgados esta quarta-feira na conta económica da Silvicultura, e citados pelo Jornal de Negócios.

De acordo com dados do INE, o investimento (formação bruta de capital fixo) feito na florestação nesse ano, de cerca de 44 milhões de euros, foi distribuído sobretudo por três espécies:

  • Eucalipto: 77,3%
  • Sobreiro: 13,2%
  • Pinheiro Manso: 9,5%

O INE acrescenta que o investimento realizado em 2015 caiu 2,7% em valor e 3,8% em volume. Partindo do valor total investido na florestação ou reflorestação, o eucalipto captou cerca de 34 milhões de euros.

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O Jornal de Negócios vai ainda buscar dados do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas que mostra a aposta dos produtores florestais nesta espécie, acrescentando que a maioria das ações de arborização ou rearborização aprovadas e feitas entre 2014 e 2016 resultaram num reforço da área total do eucalipto que representou cerca de 63% da área florestada.

São sobretudo razões económicas que levam os produtores privados a optar pelo eucalipto. Tal como o explicou ao Observador, o investigador do Instituto Superior da Agronomia (ISA) Cardoso Pereira, o eucalipto demora dez a 12 anos a produzir rendimento, enquanto o pinheiro bravo precisa de 30 a 40 anos e o risco da área ser atingida por um incêndio triplicam dado o período mais longo de tempo.

Governo promete travão na reforma da floresta

A polémica em torno da expansão do eucalipto reacendeu depois dos incêndios na região centro em que ardeu uma importante esta espécie, tal como pinheiro bravo, duas árvores que dominam a floresta do chamado Pinhal Interior.

Esta quarta-feira, o ministro da Agricultura reafirmou a decisão de limitar a expansão de plantação de eucaliptos, objetivo que diz estar previsto no pacote legislativo da reforma da floresta a transferência de áreas destas árvores.

Depois de inscrever no programa de governo, Capoulas Santos referiu que se “decidiu plasmar na lei a limitação da expansão da área do eucalipto”, recordou o ministro, na comissão parlamentar de Agricultura.

“Não haverá mais um único novo hectare de eucalipto em Portugal se a lei, como eu espero, for aprovada na Assembleia da República. O que nós vamos permitir é a transferência de áreas”, precisou.

O objetivo do executivo é transferir eucaliptos que estejam em áreas com maior risco de incêndios e que são menos produtivas. “Podem ser transplantados desde que devidamente ordenados para áreas mais produtivas e para áreas minimizadoras de risco de incêndio”, disse.