O que para o leigo é simplesmente decoração, para estes dois empresários e decoradores é arte da mesa. Nos últimos anos, Jean-François Le Dû e Carlos Pimenta Machado têm sido responsáveis por alguns dos banquetes e festas mais luxuosos do mundo, pedidos extravagantes que muitas vezes exigem que tudo seja desenhado à medida, dos pratos e copos às próprias mesas. “É como um estilista a preparar uma coleção de alta costura. Tudo é personalizado”, refere o português Carlos Pimenta Machado.

Depois de ter estudado hotelaria na Suíça e de se ter mudado para a Ásia, onde trabalhou com vários hotéis de luxo, Carlos juntou-se a Jean-François Le Dû. Há mais de 35 anos que o francês se dedica a conceber eventos realmente especiais e, a partir de 2012, os projetos de decoração passaram a ser elaborados a quatro mãos. Para a maioria dos clientes da JFC – Heritage Designers a palavra budget não conhece limites. Provas? Basta olhar para o rasto que os dois decoradores andam a deixar pela Europa. Do Palácio Garnier, em Paris, ao Museu Vaticano, passando por uma festa inédita no Calimármaro, o primeiro estádio olímpico grego, os cenários são dignos da realeza e os projetos, apesar de focados nas mesas, chegam a todos os detalhes da decoração.

“Temos tido sempre o privilégio de fazer eventos em sítios muito especiais, com histórias que nos ajudam a criar as nossas decorações”, acrescenta Carlos. Pratos, talheres, toalhas, guardanapos — tudo é comprado ou mandado fazer para encaixar no conceito da festa. Um conceito que tanto pode estar alinhado com o fausto de Versalhes, como pode seguir linhas mais minimais e contemporâneas. Mas este trabalho criativo vai além dos objetos utilitários. Algumas mesas pedem bordados ricos, outras exigem que os dois decoradores contem com a ajuda de verdadeiros mestres das flores. Isto para não falar de peças meramente decorativas, como as avestruzes em prata utilizadas num almoço realizado no palácio Residenz, em Munique. O tesouro da família real da Bavária foi a grande fonte de inspiração, por isso, as aves foram adornadas com safiras e rubis.

Até aqui, a presença no mercado português tem sido quase nula. Contam-se alguns eventos para estrangeiros e um único para clientes portugueses, que teve lugar no Palácio da Bolsa, no Porto, em 2015. O mesmo não se pode dizer da proveniência das peças utilizadas nos banquetes. “Até aqui, nunca comprámos nada que não fosse português, a não ser que não houvesse. Foi sempre uma prioridade. Temos coisas extraordinárias: cerâmicas, cristais e dos têxteis nem se fala. Além disso, aqui, podemos controlar a produção de perto e isso dá-nos outra segurança”, afirma Carlos.

Orçamentos de milhões que a JFC – Heritage Designers quer agora adaptar ao mercado português. “Com o acervo que temos, podemos fazer coisas em Portugal, diferenciando-nos do que já existe no mercado. E não têm de ser projetos de milhões. Às vezes, as pessoas assustam-se um bocado porque, realmente, fazemos eventos num segmento de luxo, mas a verdade é que conseguimos responder a várias situações”, afirma o português. Por detrás da estratégia, esconde-se uma vontade de trabalhar em Portugal. O desejo não é de agora, mas o sucesso da investida vai depender de quão luxuoso estiver o apetite do país.

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