Atletas do sexo feminino que nasçam com níveis elevados de testosterona têm uma “vantagem significativa” em termos competitivos, aponta estudo publicado no British Journal of Sports Medicine. A evidência pode reacender o debate na participação de certas atletas nas competições, como o caso de Caster Semenya.

Está reaberto o controverso debate sobre o tratamento de atletas com hiperandrogenismo. Há a possibilidade da campeã olímpica dos 800 metros, Caster Semenya, ser banida de futuras competições, a não ser que se submeta a uma terapia de reposição hormonal ou mesmo uma cirurgia, segundo o The Guardian. O mesmo se aplica a todas as outras atletas que demonstrem um nível de testosterona muito superior ao considerado normal. Denomina-se de hiperandrogenismo feminino, e é uma condição que causa altos níveis da hormona masculina, testosterona, nas mulheres.

A pesquisa financiada pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) vai ser enviada em forma de apelo ao Tribunal de Arbitragem para o Desporto, que tinha suspendido, desde 2015, a regra da IAAF que impunha um limite ao nível de testosterona em atletas femininas. O novo estudo não vai impedir que Semenya ou atletas com a mesma condição, como a indiana Dutee Chand, de competir nos Campeonatos do Mundo de agosto, em Londres. No entanto, pode ter impacto na audiência de Caster Semenya no final do mês de julho.

Os investigadores mediram os níveis de testosterona no sangue de 1.332 atletas do sexo feminino, que competiram nos campeonatos mundiais de 2011 e 2013. Aquelas com os níveis mais altos de testosterona demonstraram vantagens significativas em relação às que apresentaram os níveis mais baixos – nomeadamente nos 400m (2,7% mais rápidas), 400m obstáculos (2,8% mais rápidas), 800m (1,8% mais rápidas) e no salto à vara (2,9% mais alto).

“O nosso objetivo é defender, proteger e promover uma competição feminina mais justa”, disse Stéphane Bermon, que liderou a pesquisa. Afirmou que, entre atletas femininas, a testosterona é a droga que é mais usada para melhorar o desempenho. “Acreditamos que estes resultados possam ajudar o júri a entender melhor o desempenho entre o uso de andrógenos e o desempenho físico”, refere.

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