A polícia brasileira deteve esta segunda-feira Geddel Vieira Lima, um aliado próximo do Presidente Michel Temer. O ex-vice-presidente da Caixa Económica-Federal e o ex-ministro dos assuntos legislativos é suspeito de obstrução à justiça por alegadamente ter tentado travar negócios que podiam desvendar mais escândalos e pôr em causa a administração Temer.

Em comunicado, a justiça afirma que Lima tentou calar, através de subornos, o ex-Presidente da Câmara Baixa, Eduardo Cunha, e Lucio Funaro, um corretor que trabalhou como angariador de fundos para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro de Michel Temer. Além disso, o juiz federal acredita que Geddel possa estar a esconder até 6 milhões de dólares em alegados subornos com Lucio Funaro.

Geddel Vieira Lima demitiu-se do cargo de ministro dos assuntos legislativos em novembro, depois de um outro ministro o ter acusado de tráfico de influências. É amigo de Temer há décadas e está associado a uma série de escândalos de corrupção.

O advogado do ex-ministro considera que a prisão era “absolutamente desnecessária” e que Geddel está interessado em cooperar na investigação. A pesquisa centrou-se no tempo de Lima como vice-presidente do banco estatal Caixa Económica-Federal entre 2011 e 2013. Os investigadores acreditam que desviou dinheiros públicos para políticos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Geddel Lima é segundo ex-membro da administração de Temer a ser preso em menos de um mês. Há duas semanas foi a vez do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves ter sido preso por ligação a um suposto esquema de corrupção envolvendo a construção do estádio de futebol para o Campeonato do Mundo 2014.

Também na segunda-feira a Comissão de Ética da Presidência abriu uma investigação aos ministros da Comunicação e do Comércio de Temer, ambos acusados de corrupção.

O próprio Temer arrisca-se a ficar com o cargo de Presidente suspenso se a Câmara Baixa autorizar a investigação de corrupção contra ele. A suspensão vai exigir uma maioria de dois terços para enviar o caso ao Supremo Tribunal, com votação prevista para o final de julho. Temer está ainda a ser investigado por obstrução à justiça e organização criminosa.