Dois vídeos publicados no YouTube pelo site Sat24 mostram como as nuvens e a trovoada no dia do incêndio de Pedrógão Grande a 17 de junho varreram o região centro do país. Num dos vídeos, com imagens satélite da evolução das nuvens em toda a Europa, é possível vê-las a ganhar densidade na fronteira entre Portugal e Espanha a partir das 14h30 e depois avançar em direção ao Atlântico. Essas nuvens atingem o distrito de Leiria por volta das 16h, quando o incêndio já tinha começado, pouco depois das 14h00.

No segundo vídeo, com uma simulação dos raios sobreposta a essas imagens de satélite, é possível concluir que a trovoada também terá começado na fronteira com Espanha às 14h. Essa trovoada ganha intensidade a partir das 14h45, já o incêndio deflagrava há 45 minutos. Na zona do incêndio, a trovoada só se intensificou a partir das 16h30, duas horas e meia depois do fogo ter começado a consumir várias zonas do distrito. No relatório final do Instituto Português da Atmosfera, a equipa de especialistas destacados diz que a probabilidade de a trovoada ter provocado o incêndio é “baixa, não nula”.

Esse relatório, com 64 páginas, está disponível no site do Governo e inclui outras conclusões tiradas pela equipa do IPMA. O instituto começa por descrever uma “situação de calor e secura extrema, instabilidade atmosférica com ocorrência de trovoadas, sem precipitação (na região), e rajadas de vento” no local do incêndio. Depois avança que as descargas nuvem-solo validadas — raios que chegam ao solo — mais próximas do incêndio de Pedrógão Grande só foram registadas às 17h37 (já o incêndio tinham mais de três horas e meia) o que “sugere uma probabilidade baixa, não nula, de ocorrência de descargas nuvem-solo na proximidade do local”.

Essas trovoadas terão tido origem em nuvens chamadas cúmulo-nimbo, que são verticais e às vezes assumem um formato parecido ao de um cogumelo. Por quando de ventos ascendentes, as nuvens ganham altitude e podem atingir os quinze quilómetros. São mais comuns nos meses mais quentes e costumam provocar tempestades com muitos raios, muita chuva e, por vezes tornados porque produzem ventos muito velozes, que podem chegar aos 150 km/h. O vento, recorde-se, foi um dos maiores problemas no incêndio de Pedrógão Grande.

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