20h10, Palco Heineken. Ainda há meia hora tínhamos visto ali quatro mulheres-furacão, a fazer rock selvagem, e eis-nos de novo perante quatro músicas. Coisa rara, isto de termos duas bandas seguidas só de mulheres num dia dedicado ao rock. Devia acontecer mais vezes.

E, tal como as Savages, também Emily, Theresa, Jen e Stella já tinham atuado neste mesmo palco, em 2012, à conta do sucesso conseguido com o disco de estreia, The Fool. Naquela altura, a música mais celebrada, se a memória não nos falha, foi “Undertow”, de onda Nirvaniana, a fazer lembrar “Polly”.

As Warpaint foram generosas ao trazê-la de volta, mas estavam mais interessadas em pôr o público a mexer. “Wanna dance?”, perguntaram depois de “Undertow”. Dali sacaram “So Good”, do mais recente Heads Up, um disco mais uptempo, mais feliz, com pontadas disco sound. A canção é sexy, é menos rock, é também um pouco aborrecida e não houve muita dança.

As harmonias vocais, de timbres mais doces do que as Savages, continuam a soar bem, embora por vezes com o reverb não se consigam ouvir mais nitidamente. O que é nítido é que a banda de Los Angeles não vive do passado. E se em 2012 “Undertow” foi a mais querida, esta sexta-feira os dois singles dos dois discos posteriores tiveram ainda melhor receção. Primeiro, “Love is to Die”, do disco homónimo de 2014. E, quase no fim, mais disco com “New Song”, um resumo do caminho para uma nova canção, que as Warpaint parecem querer seguir.

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“Obrigada. We’ll see you again!”, disseram, no final de “Disco//Very”. Depois dos rumores do passado que davam conta do fim da banda, é bom ouvir uma despedida que soa a futuro.

© João Porfírio

Alinhamento do concerto das Warpaint no NOS Alive 2017:

Heads Up
Krimson
Undertow
So Good
The Stall
Beetles
Whiteout
Intro
Keep it healthy
Love is to Die
New Song
Disco//Very