“Era uma vez uma banda que na verdade eram duas”. O título não existe mas bem que servia aos Phoenix, se algum dia estes caros amigos pensarem nisso. Acrescentemos ainda: “E ainda por cima tinham um mau som”. Os franceses das canções em inglês têm muito jeito para isto da pop. Têm charme de palco. Queremos ser amigos deles, queremos levá-los para casa e fazer uma festa porque sabemos que vai correr melhor que bem. Mas talvez seja boa ideia se formos nós a escolher o alinhamento e a baixar aqueles graves que não nos deixaram pensar em mais nada a não ser na capacidade de resistência do mundo inteiro.

Explicando. Equipa fantástica, esta. Sabem sempre onde o parceiro do lado está, sabem sempre para onde corre o jogo, não falham uma, apesar de repetirem muitas vezes as jogadas (o tom é quase sempre o mesmo, os tiques de monsieur Thomas Mars, esses decoramo-los rapidamente e em poucas canções). Têm o treino que interessa, quilómetros de todo este circo. Mas isso nem sempre é igual a jogo-espectáculo. E a velha história do “em equipa que ganha não mexe”, enfim, nem sempre resulta, certo?

“Lasso” dá um toque de classe (“eish, as memórias que isto me trás”, ouvimos por ali), “Entertainment” é o que é, um docinho de contentamento, um fogo de artifício controlado. “Lisztomania” é perfeita do princípio ao fim, não há como negá-lo. Mas e depois disto? E depois disto? Três de seguida como é suposto, tudo no alvo, mas não há muito mais munição como esta. Gastar cartuchos deste calibre assim, tudo de enfiada, pode ser tramado. Sobretudo quando do palco chega mais baixo e bombo que qualquer outra coisa que por ali esteja a ser tocado. Está tudo bem? É do vento? É de nós? E agora? Há mais trabalho lá em cima do que contágio cá em baixo e estas variáveis em conjunto explicam parte da situação.

Ideia brilhante: mudar do lado direito da multidão para o lado esquerdo. Vai-se a ver e nada mudou. O som continua duvidoso e ainda estamos todos mais numa de voo orbital do que numa entrada brusca na atmosfera — e esta segunda hipótese, além de ser bem mais interessante e desafiante, também pode acontecer quando há canções trabalhadas gentilmente como croissants, como é o caso destas dos Phoenix. Vai tudo do recheio, já se sabe.

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