“É preciso perguntar se não temos posto à frente dos interesses do país para a lógica da Defesa os interesses da NATO e com isso fragilizar as nossas funções essenciais. Estas são perguntas difíceis a que a direita não quer responder”, afirmou Catarina Martins, à margem do Fórum da Floresta “Que políticas públicas?, que decorreu hoje na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Leiria.

Para o BE, “essas são as perguntas que é preciso fazer neste momento”, sublinhou, preferindo não comentar o pedido de passagem à reserva do tenente-geral Antunes Calçada do Comando de Pessoal, já confirmada pelo Exército, e do anúncio de demissão do general Faria Meneses, comandante operacional das Forças Armadas, avançada pelo Expresso mas ainda não formalizada.

A líder do BE entende que é necessário antes de mais “compreender o que aconteceu” no assalto aos dois paiolins dos Paióis Nacionais de Tancos e “assacar as responsabilidades de quem as teve no que sucedeu”, assim como as “consequências políticas no sentido de discutir politicamente as nossas opções para as Forças Armadas e o seu próprio funcionamento”.

“O Bloco tem dito que demissões sem resposta é a pior das respostas, porque pode significar que fica tudo na mesma. Sei que a direita tem tido um discurso de que resolve tudo pedindo rapidamente demissões, mas há opções políticas que têm vindo a ser tomadas ao longo dos anos e que devem ser mudadas”, segundo Catarina Martins.

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A coordenadora do BE precisou que “demissões sem se discutir a política, sem se discutir as razões por que estas coisas acontecem, não têm nenhum sentido”, pois não dão as respostas necessárias.

Segundo Catarina Martins, “vir a correr pedir demissões sem querer saber o que aconteceu e sem debater a política que há para a Defesa num país que gasta mais em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] na Defesa do que a Alemanha e não tem dinheiro para arranjar uma videovigilância e uma vedação não é seguramente o que faz o bom trabalho ao país”.

“O que nós queremos não é demitir alguém e ficar com a consciência sossegada. O que queremos é ter as respostas todas e retirar as consequências políticas, ou seja mudar o que está mal para que não se repita”, sublinhou.

Sobre uma moção de censura que estará a ser ponderada pela líder do CDS, também noticiada hoje pelo Expresso, Catarina Martins disse desconhecer se “se alguém leva muito a sério este anúncio”.

“Quando a floresta é um problema, o CDS não quer reconhecer que o que fez nos eucaliptos foi um desastre e, portanto, quer falar de tudo menos da floresta. Quando a Proteção Civil é um problema e, por exemplo, o Bloco propõe acabar com as PPP [parcerias público-privadas] para o Estado poder gerir melhorar a nossa segurança, o CDS também não vota connosco para mudar nada”, comentou a líder do BE.

Para Catarina Martins, o CDS “fala de demissões e moções de censura para não ter de falar do que conta, que são as opções políticas e, desde logo, das opções políticas de que o CDS é corresponsável e que fragilizaram o país”.

A coordenadora do BE defendeu ainda que o país precisa de “menos moções de censura e mais da coragem para mudar políticas”.