O Estado angolano vai investir mais de 10 milhões de euros na criação de uma empresa pública para produzir calçados e uniformes militares, conforme decisão governamental a que a Lusa teve acesso.

A constituição da Empresa Fabril de Calçados e Uniformes – Empresa Pública (EP) foi aprovada em reunião de Conselho de Ministros a 7 de junho e o decreto presidencial com a sua formalização publicado já este mês.

O documento refere a “necessidade de se reduzir os custos de importação de uniformes e calçados militares” para justificar a criação desta fábrica estatal, mas também a “importância estratégica” que representa essa produção, sobretudo para os efetivos militares.

A empresa terá sede na zona industrial do Cazenga, arredores de Luanda, e poderá ainda estabelecer filiais ou sucursais noutros pontos do país ou mesmo representações no exterior do país, conforme previsto no seu estatuto orgânico.

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A sua criação implica um capital estatutário inicial, público, de 1.920 milhões de kwanzas (10,1 milhões de euros), entre capital fixo e circulante, ficando sob tutela do Ministério da Defesa Nacional.

Apesar de ter por “objeto principal a confeção de calçados e uniformes militares”, a empresa poderá exercer outras atividades comerciais “desde que não prejudiquem a prossecução do seu objeto principal”.

Os três ramos das Forças Armadas Angolanas integram atualmente mais de 100.000 militares, somando-se ainda as forças de segurança, bombeiros e proteção civil.

A Lusa noticiou em 2015 que Angola aprovou a compra de fardamento e outro equipamento militar no valor de 44,6 milhões de dólares (quase 40 milhões de euros) a uma empresa chinesa.

Segundo um despacho do Presidente angolano autorizando a compra, a que a Lusa teve na altura acesso, o negócio envolvia a China Xinxing and Export Corporation, que segundo informação da própria empresa conta com 180.000 trabalhadores e mais de 50 subsidiárias da área militar, como fábricas de vestuário, calçado e proteção individual.

A empresa chinesa refere ter negócios com 40 países africanos, para onde vende anualmente mais de 100 milhões de dólares (88,9 milhões de euros) em equipamentos.