O BCP vai voltar a pagar a totalidade dos salários este mês, confirmou o banco numa carta aos trabalhadores, em que afirmou que os cortes salariais que duraram três anos permitiram salvar 400 postos de trabalho.

O ajustamento temporário dos rendimentos, que exigiu o esforço de todos, permitiu salvaguardar mais de 400 postos de trabalho e ainda assegurar melhores condições de desvinculação aos colaboradores que saíram do Banco no âmbito deste processo”, lê-se na carta a que a Lusa teve acesso assinada pela comissão executiva do banco, presidida por Nuno Amado.

Já era conhecido que o BCP tinha intenção de passar a pagar na totalidade os salários este mês, antecipando o prazo inicial em seis meses, o que acordou inclusive com os sindicatos, depois de ter devolvido em fevereiro deste ano a totalidade do empréstimo estatal concedido em 2012 (3.000 milhões de euros).

Desde meados de 2014, os trabalhadores do BCP com remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais têm os salários cortados (entre 3% e 11%), no âmbito da reestruturação do banco acordada com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal, com fecho de balcões e a saída de milhares de trabalhadores num programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo.

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Apesar do processo de redução da estrutura feito pelo banco nos últimos anos, este ainda não está concluído. Em maio, o banco anunciou quer fechar mais 90 agências até 2018, para ter menos de 570 sucursais em Portugal, mas não divulgou objetivos para redução de trabalhadores. Em termos de trabalhadores, o BCP tinha em março 7.436 trabalhadores em Portugal, menos 200 pessoas face a março de 2016.

Quanto ao fim dos cortes este mês, segundo a carta enviada aos trabalhadores, “o processamento salarial de 25 de julho de 2017 retomará o pagamento integral dos salários dos colaboradores” e será ainda “retomado com o mesmo processamento o pagamento das diuturnidades, suspenso desde junho de 2014”.

O banco diz ainda que manterá por mais seis meses “as prestações ajustadas do crédito à habitação, nos casos aplicáveis”.

A comissão executiva diz ainda, na missiva, que vai propor “oportunamente” na assembleia-geral que haja distribuição de resultados pelos trabalhadores, caso o banco apresente lucros, afirmando que o valor a entregar não deve ser “inferior ao valor total não recebido durante o período temporário de ajustamento salarial”.

Além dos trabalhadores, também os gestores de topo terão salários repostos em julho, confirmou em março Nuno Amado. O banqueiro disse também então que a reposição dos salários terá um custo anual de 15 milhões de euros.