Chama-se News Media Alliance — algo como Aliança dos Media Noticiosos — e junta cerca de duas mil publicações norte-americanas e canadianas na luta contra o domínio da Google e do Facebook na distribuição de notícias e publicidade online. Criado em 2015, este grupo alargado de publicações espera por uma autorização do congresso norte-americano para lhe ser conferido o direito de negociar em conjunto com estes dois gigantes do mundo digital. O objetivo? Que a imprensa não fique sujeita às regras destas plataformas no que toca à distribuição de notícias, hierarquização das mesmas por grau de importância e forma de fazer dinheiro com elas.

Um dos objetivos é o combate às fake news (notícias falsas), que proliferam quanto mais fracas forem as regras da comunicação social e mais volátil for o mercado das plataformas digitais. “As regras da Google e Facebook têm vindo a contribuir para uma comercialização das notícias, o que aumenta o risco de proliferação de notícias falsas que, muitas vezes, não se diferenciam de notícias reais”, lê-se no comunicado de imprensa divulgado pela Aliança, citado pelo Guardian.

A Aliança inclui publicações norte-americanas de referência como o The New York Times, o Washington Post ou o Wall Street Journal, que dizem querer defender o futuro do jornalismo. Em causa está o facto de a indústria dos media ter vindo a perder leitores/compradores nas versões impressas e estar a perder receitas em publicidade. Os media querem maior proteção da propriedade intelectual e maiores apoios para os modelos de subscrições pagas nos conteúdos digitais.

Como vai ser o negócio dos media no futuro é a pergunta-chave. As dúvidas são muitas, mas uma coisa é certa: Google e Facebook, juntos, representarão já 60% do mercado de publicidade digital dos EUA este ano, de acordo com a eMarketer. Segundo os jornais, é preciso fazer alguma coisa quanto a isso, para que estas duas plataformas não se limitem a beneficiar do “trabalho feito por uma indústria dos media já totalmente comprimida”, como descreveu David Chavern, presidente executivo da Aliança dos Media Noticiosos.

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O problema está identificado, falta a solução. Mas, segundo David Chavern, a única forma possível é “combater juntos”. “Se abrirmos uma frente unida para negociar com a Google e o Facebook, lutando pelos direitos da propriedade intelectual, por melhores modelos de subscrição de conteúdos e por uma mais justa distribuição das receitas, podemos construir um futuro mais sustentável do negócio dos media”, disse.

O Facebook diz-se empenhado em identificar e acabar com as notícias falsas e os títulos de “clickbait” em nome de um “jornalismo com melhor qualidade”. Também a Google está trabalhar nesse sentido, utilizando as observações dos utilizadores sobre os resultados das pesquisas para introduzir “melhorias” no seu algoritmo e combater o fenómeno das notícias falsas.

Google anuncia alterações no motor de busca para combater notícias falsas

Para poder negociar como grupo, a Aliança de Media Noticiosos precisa que o congresso norte-americano aprove uma exceção na lei anti-monopólios — o que parece difícil num congresso de maioria republicana.