Críticas a Jeremy Corbyn, atual líder do Partido Trabalhista, e ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia são os dois pontos abordados pelo antigo primeiro-ministro britânico num texto que foi distribuído, neste sábado, através de e-mail pelo seu gabinete. Citado pela Bloomberg, Tony Blair escreve que Corbyn devia acabar com a ambiguidade sobre o Brexit e que o país devia manter a porta aberta para permanecer como Estado-membro da UE.

Esta flexibilidade, defende Blair, possibilitaria uma inversão de rumo no caso de os eleitores britânicos mudarem de ideias sobre a integração do Reino Unido entre os 28 durante o período de dois anos em que decorrem as negociações entre Londres e Bruxelas. O antigo líder dos trabalhistas considera que os danos causados à economia pelo Brexit estão a ficar cada vez mais claros à medida que o processo de abandono vai progredindo e a tarefa de encontrar um compromisso com a União não devia ser descartada.

“Tendo em consideração aquilo que está em causa e aquilo que, dia após dia, estamos a descobrir sobre os custos do Brexit, como é que pode estar certo afastar da mesa deliberadamente a opção de um compromisso entre a Grâ-Bretanha e a Europa de forma a que [o Reino Unido] permaneça [na UE]?”, questiona Tony Blair, que ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 1997 e 2007. Numa entrevista à estação de televisão Sky News, que será divulgada neste domingo, Blair afirma: “Acho que é possível que o Brexit não venha a acontecer”.

O antigo primeiro-ministro recorda, no texto referido pela Bloomberg, que metade das exportações do Reino Unido tem como destino o mercado da União Europeia e que será politicamente difícil gerir uma situação em que o país terá de continuar a cumprir regras relacionadas com o funcionamento do mercado único, sem dispor de uma palavra a dizer no respetivo processo de definição. Sobre Corbyn, Blair considera: “Escutamos pessoas afirmar que o Reino Unido conseguirá dispor das mesmas condições que tem agora com o mercado único, eu não conheço ninguém no sistema europeu que acredito nisso”.

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