Angola voltou a proibir a exportação de sucata do país para apoiar a indústria siderúrgica nacional, anunciou esta segunda-feira a ministra da Indústria de Angola.

A medida foi anunciada num encontro entre o governo e principais operadoras do mercado, e na ocasião a ministra Bernarda Martins anunciou igualmente a realização de um estudo para o levantamento das quantidades de sucata no país.

Nós tomamos a decisão de estabelecer quota zero para a exportação de sucata no sentido de preservarmos as nossas reservas para alimentarmos as nossas indústrias”, disse a ministra.

A governante salientou que o país tem sucata de vários tipos, mas é necessário que se identifique as que existem em maior quantidade.

Precisamos de conhecê-la de facto, hoje a sucata que mais temos no país, ao que parece, é a sucata marítima”, apontou a ministra, adiantando que o estudo que deverá ser feito visa também traçar perspetivas futuras.

Segundo o assessor da ministra, Filipe Martins, a reunião visou chegar-se a um consenso sobre as quantidades existentes e preços aplicados entre as sucateiras e as necessidades das indústrias de siderurgias.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Filipe Martins ressaltou que até há pouco tempo haviam poucas empresas de transformação de sucata.

Tínhamos a siderurgia nacional e depois tínhamos duas ou três pequenas siderurgias, mas de muito pequena dimensão, logo, o negócio não era rentável, porque a procura era muito reduzida”, disse Filipe Martins, em declarações à rádio pública angolana.

Com a entrada em funcionamento, desde há um ano, da Aceria de Angola (ADA), um investimento concluído em dezembro de 2015, avaliado em 260 milhões de euros e com capacidade de produção de 300 mil toneladas anuais de varão de aço para construção, que tem havido um aumento da recolha de sucatas e oportunidades de negócio de venda, explicou o assessor da ministra.

A questão é saber a que preços, se estas siderurgias compram a preços que compensam recolha da mesma, uma questão que ainda não está analisada, mas estamos a analisar”, frisou.

Filipe Martins referiu que é grande a quantidade de pessoas, de empresas, de privados que fazem chegar ao Ministério da Indústria pedidos de autorização para exportar sucatas.

Se eles querem exportar sucatas, se há tantos pedidos, significa que as sucatas ainda são um negócio bastante rentável, começa a ser significativo, porque a partir do momento que tenhamos empresas a vender a outras empresas que são organizadas, já há aqui faturações associadas, há logo impostos que são pagos e que são receitas fiscais”, acrescentou.

Em 2016, o Ministério da Indústria decretou igualmente a proibição de exportação de sucata para garantir as necessidades das siderurgias que funcionam no país, superiores a 600.000 toneladas por ano.

A justificação foi “o crescimento da indústria siderúrgica angolana e o consequente aumento do consumo de sucata”, para esta atividade, fixando por isso uma quota zero de exportação em 2016.

Tendo em conta que a contínua exportação da sucata pelos agentes comerciais, à margem das normas estabelecidas, constitui uma ameaça séria ao desenvolvimento e funcionamento da indústria siderúrgica angolana, levando-as à necessidade de importar tais matérias-primas, implicando a disposição de recursos cambiais que o país muito necessita”, justifica um despacho ministerial a que a agência Lusa teve acesso na altura.