Umas são ex-noivas dos combatentes do Estado Islâmico, que as deixaram para viver no autoproclamado califado. Outras são fugitivas que pagaram a contrabandistas para as ajudar a fugir dos maridos quando o Estado Islâmico começou a perder terreno no Iraque e na Síria. Uma parte está com os filhos no campo de refugiados em Ain Issa, a cerca de 50 quilómetros a norte de Raqqa, a capital do Daesh. Outras ainda, são viúvas. Todas fizeram revelações e explicaram como funciona o sistema de relacionamentos no Estado Islâmico.

Estado Islâmico perdeu 60% do território e 80% das receitas

Vão atraídas pela promessa de uma nova vida com homens fortes e devotos, pela garantia de educação ou saúde. Em vez disso, chegam e são colocadas em dormitórios femininos, onde esperam para serem selecionadas pelos combatentes do Estado Islâmico. Chamam-se “madafa”, explica em declarações à CNN uma da fugitivas, Saida, natural de Montpellier, no sul da França.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quando uma mulher chega a esse “madafa”, faz uma espécie de curriculum vitae. Diz a idade, nome, como é a sua personalidade e o que procura num homem. Os homens também fazem os seus currículos”, explicou Saida.

A francesa recorda-se quando ela própria chegou a Raqqa e foi rapidamente colocada no dormitório feminino. Saida diz ter ficado chocada com a regras do dormitório e explicou que depois de instaladas e dos “currículos” feitos, entra-se num ciclo de “speed dating” (o correspondente a encontros às cegas, em português). É uma “forma jihadista de Tinder”, admite Saida.

Então encontram-se, falam durante 15 a 20 minutos, e depois é um sim ou não. Se ambos concordarem, casam-se. É muito rápido”, esclareceu a fugitiva francesa.

Saida, que deixou França na esperança de encontrar um marido devoto, acabou por pagar a contrabandistas para a ajudarem a fugir da cidade uma quantia superior a cinco mil euros.

Eles dizem que querem lutar pelo Estado Islâmico por causa de Deus, mas o que eles querem é apenas mulheres e sexo. É repugnante”, diz Rahma, uma de três irmãs indonésias que não chegaram a casar.

Foram atraídas pela possibilidade de acesso a cuidados de saúde para tratar o cancro de Rahma e de estudos para Fina, outra das irmãs. Pagaram uma elevada quantia para viajar com sua família de Jacarta, na Indonésia, para Raqqa. Ficaram desiludidas ao descobrir que os combatentes do Estado Islâmico não eram os “muçulmanos puros”. Agora, aguardam conseguir entrar em contacto com uma embaixada da Indonésia e voltar para casa.