Há uma espécie que tem estado a despertar a curiosidade da comunidade científica: a inteligência dos corvos. Um estudo publicado pela revista Science mostra que os corvos são capazes de resolver problemas de lógica. A perspicácia desta espécie vai ainda mais longe: os corvos mostraram que são capazes de abdicar de uma recompensa imediata se conseguirem chegar a outra melhor no futuro. Essa capacidade de planificação, de antecipação do acontecimento e de resistir à tentação com vista a um objetivo maior demonstram qualidades cognitivas de alto nível.

Outras experiências mostraram capacidades semelhantes ou superiores à de grandes símios e inclusivamente superior às de crianças de quatro anos.

Os investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, submeteram os corvos a uma série de experiências. Primeiro, ensinaram-lhes a usar uma caixa quebra-cabeças que exigia uma certa habilidade para descobrir o mecanismo que permitia alcançar o prémio, usando uma ferramenta.

Depois atrasaram por 15 minutos a chegada da mesma caixa, depois de os deixar escolher a ferramenta. O que mostrou que são capazes de antecipar. Outro facto impressionante revelou-se ainda com a capacidade que os corvos tiveram de manter essa capacidade de previsão até ao dia seguinte para abrir a caixa com a ferramenta adequada.

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Diz ainda o estudo que foi interessante perceber o que sucedeu quando ensinaram os corvos a conseguir a ferramenta ou o prémio mediante uma troca. Eram-lhes oferecidos diferentes objetos, entre eles uma ficha que sabiam que podiam trocar por um pequeno prémio. Sempre que se apresentava a ficha, os corvos escolhiam-na para obter um pequeno prémio de imediato. Quando lhes era oferecido à vez a ficha ou a ferramenta com que podiam abrir depois a caixa, com um prémio maior, os corvos não hesitaram: em todas as ocasiões, escolheram esperar e conseguir mais tarde uma recompensa melhor.

O vídeo do El País exemplifica bem o tipo de desafios quem foram colocados a estes corvos.

“Ao planificar estudos como este, o primeiro teste é muito importante já que o êxito no primeiro teste é explicado por uma simples formação de hábitos”, disse Can Kabadayi, principal autor do estudo.

Os cientistas avançaram ainda para o estudo do cérebro desta aves. “Os corvos são tão inteligentes, provavelmente por causa de uma combinação de vários fatores, como o seu grande cérebro com muitos neurónios, um ambiente social complexo e umas condições ambientais que lhes podem ter adquirido habilidades cognitivas completas, como a necessidade de encontrar fontes de alimento separadas”, explica o investigador.

No mês passado, um outro estudo provou que os corvos eram capazes de se lembrar da cara de uma pessoa que as tivesse enganado durante um mês.