A Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, regista esta terça-feira “perturbações temporárias” no atendimento de urgência por falta de capacidade de resposta e número insuficiente de profissionais, admitiu fonte da administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central. A maternidade Alfredo da Costa informou esta terça-feira o INEM que só pode receber grávidas em situação de emergência, como já tinha sido avançado pelo jornal Expresso. Na origem estão os protestos dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia (EESMO).

A greve dos enfermeiros especializados já tinha sido anunciada para 31 de julho a 4 de agosto, em protesto contra o não pagamento da especialização. Fonte ligada ao Sindicato dos Enfermeiros informou que as assistências na maior maternidade de Lisboa estão, neste momento, a cargo dos médicos, que são em número insuficiente.

Num esclarecimento enviado à Lusa, o Centro Hospitalar de Lisboa Central, que integra a Maternidade Alfredo da Costa, admitiu que as perturbações na urgência obstétrica se prendem “com a capacidade de resposta e o número de profissionais nas equipas médica e de enfermagem”.

O Centro Hospitalar afirma que, nestes casos, “recorre ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para que se proceda a um normal atendimento das grávidas, evitando quaisquer falhas” e refere tratar-se de um “procedimento de gestão, normal, que ocorre sempre que há necessidade de colmatar este tipo de situações”.

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As ações de descontentamento dos enfermeiros têm-se espalhado por hospitais de todo o país, com enfermeiros especialistas a garantirem apenas os cuidados gerais.

“Desde o início de junho que alertamos para o risco de não ter enfermagem especializada em saúde materna e obstetrícia no SNS. As consequências multiplicam-se diariamente: partos não assistidos no domicílio, taxas de cesarianas e partos por fórceps a aumentar, internamentos e blocos encerrados… Mas tudo corre ‘dentro da normalidade’, segundo o Sr.Ministro da Saúde”, disse o movimento EESMO em comunicado.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, que apoia os profissionais neste protesto, existem cerca de 2.000 enfermeiros que, apesar de serem especialistas, recebem como se prestassem serviços de enfermagem comum.