“É nojento, o trabalho da minha vida é, em parte, dedicado a tirar as máquinas de lavar a roupa da cozinha.” A declaração é de Kirstie Allsopp, apresentadora de televisão britânica, conhecida pelo programa “Location, Location, Location”, onde vai à procura de casas para diferentes compradores. A frase acima citada, em resposta a um comentário de um jornalista sobre como os americanos acham estranho que os britânicos tenham as ditas máquinas na cozinha, criou uma onda de indignação na rede social Twitter.

A apresentadora sugeriu, quando confrontada com o facto de haver casas sem espaço extra, que as máquinas fossem colocadas nas casas de banho ou numa espécie de despensa. Mas dada a revolta entretanto gerada, Allsopp acabaria por admitir que estava apenas a brincar. Num artigo de opinião publicado no The Guardian, escreve que os britânicos não têm sentido de humor e refere também que sempre achou “estranha” a combinação de preparar a comida e de lavar roupa na cozinha.

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Mas há, afinal, algum problema em ter a máquina de lavar a roupa no mesmo local onde cozinhamos? Shannon Lush, tida como uma “guru das limpezas”, foi uma das pessoas que respondeu a essa questão. Ao News.com.au disse que não há nada de “nojento” em relação a isso e que também não há questões de higiene a salientar, a não ser que se use lixívia e sabão em excesso para lavar a roupa.

“Desde que a cozinha esteja limpa, bem como a máquina, está tudo bem. O único problema que vejo é caso não haja a ventilação apropriada”, continua Shannon Lush. “Quando usamos demasiado sabão ou lixívia convém ter a máquina de lavar perto de uma janela aberta, caso contrário há a possibilidade de contaminar a nossa comida.”

Contactados pelo Observador, os autores do livro Uma casa mais saudável, uma família mais feliz insistem que não há problema quanto a questões higiénicas, destacando “fatores mais preocupantes”. Marcelina Guimarães e Miguel Fernandes, que detêm ainda a empresa Habitat Saudável, explicam que ter uma máquina de lavar (seja a da loiça ou a da roupa) numa parede contígua à cabeceira da cama a funcionar durante a noite “pode interferir diretamente com o sono e o equilíbrio biológico da pessoa”, uma vez que esse é o “período biológico de maior fragilidade do ser humano”. Em causa pode estar, então, uma “contaminação eletromagnética”.

“Diríamos que é aconselhável uma lavandaria exterior à cozinha, caso haja a possibilidade”, dizem os escritores, até por uma questão prática e funcional. “Falta de higiene? Só se for a utilização excessiva de detergentes ou de materiais de limpeza que tenham carga nociva mas, hoje em dia, já existem no mercado opções alternativas e ainda receitas de detergentes caseiros.”

E como nunca é demais lembrar, os autores garantem que uma boa ventilação e iluminação, bem como a criação de áreas distintas num mesmo espaço — considerando a zona das refeições e das máquinas, tendo sempre em conta os campos elétricos e eletromagnéticos — são algumas das dicas para a manutenção de uma cozinha mais saudável.