No dia em que passaram quatro anos desde a abertura do inquérito criminal Operação Marquês, os advogados de José Sócrates vieram insistir, num comunicado, na necessidade de arquivar o processo. Voltaram também a atacar o Ministério Público por “avolumar” o processo com “novas efabulações falsas e disparatadas” e de ter transformado o processo criminal “numa espécie de albergue espanhol, para onde arrastou, sem medida nem critério, mais de uma vintena de arguidos”.

A dada altura do texto enviado às redações, João Araújo e Pedro Delille usam a ironia para dizerem que, “na lógica desta investigação, ainda falta constituir arguidos cerca de 10 milhões de portugueses, que todos são suspeitos”. Ainda esta sexta-feira foram constituídos mais dois arguidos no âmbito deste inquérito. Neste momento já são mais de 30 os arguidos neste processo (entre pessoas singulares e coletivas), de acordo com informação do Ministério Público.

Operação Marquês tem mais dois arguidos

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A avaliação que fazem daquilo que classificam de “lôbrega aventura” leva os advogados do ex-primeiro-ministro a concluírem que a “única conclusão que a lei sustenta e o Direito impõe” é “arquivar o malfadado inquérito”. O juiz de instrução do processo, Carlos Alexandre, também volta a ser acusado de “complacência” com o Ministério Público, que consideram ter hoje em mãos um processo que é um “repositório descontrolado de anos de devassa, de intrusão, de varejo e de intimidação dos
intervenientes processuais e da sociedade em geral”. “Milhões de documentos” que acreditam apenas servirem para “criar a convicção que aquela montanha significa a culpa dos arguidos”.

Quanto aos quatro anos de inquérito, foram alcançados “por esgotamento do prazo legal máximo para a duração do inquérito”, dizem os advogados, que acreditam que o processo não visa julgar um cidadão mas “um governo” e também “condenar o regime democrático”.

A data para encerrar o inquérito tem vindo a ser adiada. No fim de abril, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, voltou a prorrogar o prazo, sem fixar uma data concreta. O ponto final na investigação e acusação é esperado ainda neste verão.