A greve nacional dos trabalhadores da PT teve uma “adesão nacional de 70%”, disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom (STPT), Jorge Félix, enquanto a operadora refere que foi “19%”. Os sindicatos afetos à PT Portugal e a Comissão de Trabalhadores convocaram para hoje uma greve nacional de 24 horas em protesto contra a transferência de 118 funcionários para empresas do grupo Altice e da parceira Visabeira. “A adesão nacional foi de 70%”, disse Jorge Félix, adiantando que no continente foi de 65% e de 80% nas ilhas.

Já a operadora de telecomunicações, comprada há dois anos pela francesa Altice, adiantou que, “até às 18:00 de hoje, a adesão à greve foi de 19%”, salientando que “durante a o dia a PT assegurou todos os serviços que são prestados aos clientes”. Esta foi a primeira greve dos trabalhadores da PT em mais de 10 anos.

“A adesão em Lisboa foi a mais fraca porque houve mais pressão”, considerou o sindicalista, salientando que no final do desfile que partiu da sede, em Picoas, Lisboa, até porta da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, chegou a contar “cerca de 5.000 trabalhadores”, que vieram de todo o país.

Chegados ao local, os representantes dos trabalhadores foram recebidos pelo assessor do chefe do Governo que transmitiu que o Governo “está atento, principalmente do ponto de vista jurídico”, segundo o presidente da STPT. Disse ainda que as declarações proferidas por António Costa no parlamento “são suficientes para mostrar a preocupação com a situação dos trabalhadores”.

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António Costa fez declarações de apreensão para com o futuro da PT e a qualidade dos seus serviços, sugerindo ser cliente de outra operadora, no debate parlamentar sobre o estado da nação. As palavras do primeiro-ministro mereceram críticas por parte da oposição (PSD/CDS-PP), por intromissão em negócios privados, e BE e PCP exigiram a defesa dos direitos dos trabalhadores.

Num balanço feito ao final do dia, Manuel Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), disse que os sindicatos insistem em serem recebidos pelo primeiro-ministro, e que já na segunda-feira vão solicitar “uma reunião urgente” com a nova presidente executiva da PT, Cláudia Goya, que assumiu funções esta semana. O responsável garantiu ainda que “a luta não acaba aqui” e que na quarta-feira os sindicatos vão reunir para “avaliar o resultado da luta e decidir as próximas ações”.

O secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, anunciou quarta-feira, no parlamento, que “está já em curso uma ação inspetiva” desencadeada pela Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) sobre o processo de transferência de trabalhadores da PT Portugal para outras empresas. Em causa está a mudança de mais de 150 trabalhadores para empresas do grupo da multinacional de comunicações e conteúdos de origem francesa Altice, que detém a PT Portugal, como a Tnord, a Sudtel ou a Winprovit e ainda para a parceira Visabeira, recorrendo à figura de transmissão de estabelecimento.

O português e cofundador da Altice Armando Pereira declarou entretanto que o Governo português, “muitas vezes, não vê essa importância” do investimento que está a ser feito na economia de Portugal.

O grupo francês, que comprou há dois anos a PT Portugal por cerca de sete mil milhões de euros, anunciou em 14 de julho que chegou a acordo com a Prisa para a compra, por 440 milhões de euros, da Media Capital SGPS, SA, que detém a TVI, mas o negócio aguarda ainda pareceres da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que é vinculativo, e da Autoridade da Concorrência (AdC).